segunda-feira, 5 de maio de 2014

Suelen Cervaro - Jornalista

Suelen Cerbaro

Jornalista

A entrevistada desta semana é Suelen Cerbaro, 28 anos, é jornalista e atualmente ocupa o cargo de assessora de imprensa da Prefeitura de Guabiruba. Natural de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, chamada São Jorge, a jornalista reflete a história de muitos profissionais dessa área que são abraçados por Brusque no início da carreira. Uma experiência que era para ser temporária, acabou se prolongando por cinco anos. É filha de Leonel Cerbaro, uma homenagem do avô brizolista ao político, e de Anazir Lourdes Ancilago Cerbaro. 
 
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Nossa entrevistada, a jornalista Suelen Cerbaro, trabalhando na festa da Integração

Que circunstâncias lhe trouxe para Brusque?
De Brusque eu só conhecia os shoppings, até a Loja Havan. Em outubro de 2008 uma prima que morava aqui me avisou que o jornal Município Dia a Dia procurava jornalistas. Na época, eu havia acabado de me formar em Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo na Faculdade Estácio de Sá e cursava Letras e Literaturas Francesa na Universidade Federal de Santa Catarina. Planejava estudar pra concurso público. Quando recebi o e-mail da vaga, pesquisei sobre o jornal e resolvi me inscrever para saber como era o mercado de trabalho. Em uma semana conheci Brusque durante a entrevista de emprego, na outra me mudei pra cá motivada por trabalhar em uma redação de jornal diário.

E como foi essa experiência no Jornal Município?
Eu cheguei ao município em outubro de 2008, dias antes da enchente daquele ano. De saída, aquela loucura toda com deslizamentos, água, famílias em abrigo. Calamidade Pública. Só tinha visto coisa parecida na televisão. Mas a experiência no jornal foi maravilhosa. Éramos uma grande família, um time muito bom. Letícia Schlindwein, Carina Machado, Thayse Helena Machado, Maurício Haas, Ana Paula Braga Salamon e Aline Wernke. Depois veio o Elton Souza, Carioca, Aline Camargo e a equipe ia se reestruturando a medida em que os mais antigos saiam. Iniciei na editoria de Geral e Regional, fazia reportagens das cidades de Guabiruba e Botuverá. Na maior parte do meu tempo no jornal cobri os assuntos referentes à Segurança Pública.

O que lembra com carinho de ter acontecido quando estava no Jornal Município?
É difícil de citar um acontecimento. Cada história contada, cada denúncia investigada, cada reconhecimento por parte do leitor, cada errata feita na edição do dia seguinte, tudo deixa sua marca. Tem um livro com o título “Minhas histórias dos outros”, que retrata bem a vida de repórter. Ele vive cada história que escreve. Ele sofre, se alegra, se indigna. Essa sensibilidade, esse olhar de inconformismo é o que cria um bom repórter. Ouço muitas pessoas falarem que os jornais deveriam mostrar mais coisas positivas. Temos muito sensacionalismo, mas a essência do jornalismo é a denúncia, é mostrar o que está errado para que se busque a solução, o equilíbrio da sociedade.
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Com a equipe do Jornal " O Município", na Fenarreco
A experiência na Unifebe?
Foi o local que eu conheci o que era uma assessoria de comunicação. Outra área do jornalismo. Já havia tido uma experiência em assessoria de imprensa no Setor de Comunicação Social na Polícia Rodoviária Federal, em Florianópolis, com os inspetores Graziano e Fiamoncini. Foi uma experiência bacana, se atendia a imprensa do estado todo. Mas trabalhávamos apenas com a imprensa. Não fazíamos publicidade, eventos. Esse outro leque da comunicação integrada, que abrange não só escrever textos sobre a empresa na qual se assessora, vim a aprofundar na Unifebe. Tive a oportunidade de trabalhar com a Luana Fernandes Alves, sabe tudo sobre eventos, com o Rafael Zen, publicitário que tenho como referência e com a Thayse, que já havia trabalhado comigo no Jornal. Além de uma excelente jornalista, uma grande amiga. É muito bom respirar o ar da universidade. Sem contar que levo amigos de lá para a vida. O professor Günther e todos os colegas, pessoas com que o carinho não se extingue quando se deixa de conviver o dia a dia com elas. Neste período também trabalhei como assessora de Comunicação na Maternidade e Hospital Evangélico de Brusque. A experiência da comunicação em saúde foi muito importante para minha experiência profissional.

Fale da premiação que foste agraciada na Unifebe.
Eu sempre gostei muito de poesia. De ler, não de escrever. A não ser nos diários da adolescência. Mas como havia o concurso aberto na Unifebe e os meus amigos incentivaram minha inscrição, resolvi arriscar. E a comissão julgadora considerou a poesia boa. Mas foi minha única experiência com os versos. 
 
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Encontro com jornalistas e Mário Mota - na Unifebe

Como surgiu a Prefeitura de Guabiruba em sua trajetória?
Quando eu fazia matérias de Guabiruba para o jornal Município, cobria sessão da Câmara de Vereadores, ações da prefeitura, algumas pessoas brincavam que iriam me levar pra trabalhar lá. Eu respondia que o convite seria aceito quando fosse oficializado, pois sempre gostei de Guabiruba. Enfim, em junho de 2012, estava na Unifebe e o prefeito de Guabiruba na época, Orides Kormann, me fez o convite, pois estava sem assessor de imprensa. Eu aceitei, embora fosse fim de mandato, véspera de eleição praticamente, onde as chances de eu trabalhar apenas seis meses eram grandes, uma vez que o cargo é comissionado. Minha experiência na área política era teórica, uma pós-graduação em Gestão da Comunicação Pública e Empresarial, pela Universidade Tuiuti do Paraná. Os desafios me motivaram a aceitar o convite.

Cargo que ocupa?
Continuo como assessora de imprensa da Prefeitura. Um dos critérios utilizados pelo prefeito Matias Kohler na escolha da sua equipe foi à parte técnica. O que contou a favor da minha permanência. Outro ponto foi que ele conhecia meu trabalho, principalmente enquanto presidente da Câmara de Vereadores em 2009. É muito raro um gestor público permanecer com um cargo comissionado de um adversário político, até porque o partido pressiona para a mudança. No entanto, vejo nesse posicionamento uma atitude honrada do prefeito Matias.

Atribuições de seu cargo?
Embora as atribuições do cargo sejam somente assessoria de imprensa, atender as demandas dos veículos de comunicação e escrever releases, as funções são de assessoria de comunicação. Atuamos na área do jornalismo, publicidade e relações públicas. Trabalha no setor eu e a funcionária Elisandra Fischer, que pretende cursar Publicidade e Propaganda. Ela auxilia a assessoria de imprensa e a assessoria de gabinete. Apesar de poucas pessoas, o setor teve grandes conquistas. Lançamos um site totalmente dinâmico e bem mais acessível, ingressamos no Facebook, outra mídia que é alimentada constantemente com informações públicas, licitamos uma agência de publicidade, que é uma exigência legal para podermos anunciar nos veículos de comunicação e temos mais novidades vindo por aí.

Teve dificuldades da área pública?
A burocracia, a legislação, tudo isso era novo e gerou certa dificuldade. Uma surpresa foi conhecer outro lado de alguns veículos de comunicação que pressionam os órgãos públicos na busca por recursos maiores daqueles praticados, sob consequência de denegrirem a imagem da administração e até a minha caso não fossem atendidos. São poucos, normalmente os que não têm profissionais jornalistas no seu quadro. Esse é um dos motivos que defendo a exigência do diploma para jornalista. Acredito que com mais profissionalização na área ficará mais difícil ver a linha editorial sendo comercializada.

Costuma ler jornais?
Sim, diariamente. Até porque faz parte do meu trabalho.

Quais as melhores obras que já leu?
A vida que ninguém vê” e o “O Olho da Rua”, da jornalista Eliane Brum. “O Tempo e o Vento”, Erico Veríssimo, os livros de Jorge Duarte e Wilson da Costa Bueno na área de Comunicação Pública e Empresarial. Tenho fases para livros, na adolescência li quase todos de Sidney Sheldon, por exemplo. Durante o curso de Letras gostava de poesia, de Fernando Pessoa, Mario Quintana, Gregório de Matos Guerra.

O que está lendo atualmente?
Atualmente minhas leituras estão mais voltadas para os livros de Logosofia. Comecei a me estudar. Sistema mental, instintivo, sensível, enfim, a Logosofia, significa ciência da sabedoria e tem uma bibliografia própria, do autor Carlos Bernardo González Pecotche. Os títulos são o Senhor de Sandara, Diálogos, Bases para sua Conduta, O Mecanismo da Vida Consciente, entre outros. Em Brusque existe a Fundação Logosófica, em outras cidades, como Florianópolis, existem colégios logosóficos. Bem interessante a didática da escola e o estudo para quem gosta de refletir sobre a vida.

Primeiro/a Professor/a?
Darcísio Segalin e professora Jaqueline, não lembro o sobrenome.

Do que sente orgulho?
Da minha família. Tenho o maior orgulho da família que tenho. Dos meus pais, principalmente. Pela humildade, honestidade, seriedade, luta diária. Sempre fizerem de tudo para dar condições para eu e minha irmã estudarmos e andarmos com as nossas próprias pernas, embora sofram com a distância. Minha irmã mora em Pelotas (RS). Mas a gente se vê com frequência. Vou dar aos meus filhos o amor e a educação que meus pais me deram. 
 
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Quatro gerações:  Sulena Cerbaro (irmã), Suelen Cerbaro, Anazir Lourdes Ancilago Cerbaro (mãe), Valentina Ancilago (avó), Adelaide Fochesatto (bisavó)

Sonho de criança?
Ser professora.

Do que não esquece do tempo de criança?
Minha infância foi rodeada de primos. Meu pai tem 14 irmãos, minha mãe oito. Minha infância foi bem no interior do Rio Grande do Sul, em uma comunidade chamada Nossa Senhora da Saúde. Morava ao lado dos meus avós e a casa vivia cheia de tios, primos. Não esqueço das brincadeiras com eles e da alegria ao ver eles chegavam. Meu avô paterno era músico de instrumentos de sopro e o materno de acordeon, então a música sempre esteve bem presente na minha infância. Apesar dos meus avós serem falecidos, tenho meus tios músicos e todo encontro da família é uma festa, literalmente.

O que faria hoje, que não teve coragem de fazer?
Tem uma frase que diz mais ou menos o seguinte. A coragem não é a ausência do medo, mas a sua atitude diante dele e eu nunca deixei de fazer algo por falta de coragem. Nos momentos de indecisão, sigo o caminho que a sensibilidade me indica. A razão explica depois.

Finalizando, para vencer no jornalismo existe uma fórmula ou tem que ter dom?
Como em qualquer outra profissão, para vencer no jornalismo é necessário gostar do que se faz. É um pouco de inspiração e muita transpiração. É importante não se acomodar. Fazer cursos, atualizar-se, recordar do que te motivou a seguir a carreira de jornalista. Ser constante no empenho em se superar enquanto profissional. É preciso ter um bom olhar e um grande coração. 

Matéria publicada no jornal EM FOCO aos 20 de junho de 2014

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