sábado, 1 de fevereiro de 2020

Juarês José Aumond

Juarês José Aumond

O levou a escolher a carreira?
Quando ainda adolescente sempre me imaginei realizando física teórica, mas depois de ler um livro de um geólogo suíço Louis Agassiz. inclinei-me para a área de ciências naturais e fiz a Graduação em geologia.
Fiz a geologia para trabalhar com recursos naturais, depois fiz o Mestrado em Geografia, porque além da exploração mineral tinha de praticar a conservação dos recursos naturais e finalmente precisava desenvolver uma linguagem formal, a linguagem da matemática e por isso fiz o Doutorado foi em Engenharia Civil.



Juarês palestrando

Há quanto tempo graduou-se em Geologia? E como surgiu Brusque na trajetória?
Em 1970, portanto 50 anos atrás, graduei-me em geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e adotei o estado de Santa Catarina, onde fixei minha nova residência. Casei com uma brusquense e tivemos dois filhos, uma formada em Comunicação Social e um graduado em Arquitetura e Urbanismo.

E o mestrado?
 Aqui, fiz o mestrado em Geografia na área de Aproveitamento e Conservação de Recursos Naturais e o doutorado em Engenharia Civil, ambos na Universidade Federal de Santa Catarina.

E a primeira fábrica de cimento?
Trabalhei na prospecção de minério de calcário e com as reservas descobertas e pesquisadas deste minério foi implantada a primeira fábrica de cimento catarinense, instalada em Vidal Ramos.

E a experiência na mineração?
Fui diretor técnico de várias empresas de mineração e assessor da Secretaria de Estado de Santa Catarina para assuntos relacionados com Geologia, Mineração e política mineral. Traduzi e adaptei para o português em coautoria o livro “O Manual de Deslizamentos - Um Guia para a Compreensão de Deslizamentos” de Lynn M. HIghland e Peter Bobroswsky, elaborado sob auspícios do Serviço Geológico dos EEUU e do Canadá e publicado pelo Banco Mundial nos EEUU. Este Manual foi publicado em segunda edição pela FURB, incluído mais capítulo nosso sobre o papel da vegetação na contenção das encostas. Tenho publicado uma centena de artigos científico em livros e revistas científicas nacionais e internacionais.
Tenho ministrado palestras e cursos no Brasil e no exterior abordando a questão da recuperação de áreas degradadas e as mudanças climáticas. No Marrocos representei o Brasil com mais dois professores da FURB e do INPE no encontro Bilateral IRD-CNPQ. Nesse encontro internacional promovido pela África-Brasil-França foram discutidas as mudanças climáticas sob o título “Changements Climatiques: Passé, Présent et Futur. Variabilité, Tendances e Inpacts”.

Fale sobre o “Curso Projeto de Gestão de Riscos de Desastres Naturais”
Para o Ministério das Cidades Coordenei o “Curso Projeto de Gestão de Riscos de Desastres Naturais” para formação de multiplicadores em Mapeamento e Gerenciamento de Riscos realizado em Blumenau/SC.

E a trajetória como docente?
Fui professor da Fundação Universidade Regional de Blumenau das disciplinas de geologia, geologia ambiental, geologia do Brasil, mineralogia, paleontologia e recuperação de áreas degradadas nos cursos Ciências Biológicas, Engenharia Florestal e Arquitetura e Urbanismo e Química. Durante esses 50 anos de atividade profissional sempre trabalhei na Universidade (sou o professor mais antigo da FURB, hoje trabalho como professor-pesquisador no mestrado e doutorado trabalhando como voluntário desta Instituição). Recebi a Comenda "FURB 40 ANOS", da Fundação Universidade Regional de Blumenau. Fui representante da FURB na Câmara Brasil Alemanha durante quase uma década.
Nunca larguei o magistério porque na Universidade se desenvolve a metodologia científica. Também nunca deixei de trabalhar na iniciativa privada e continuo até hoje, porque nela temos de apresentar resultados ou você está fora da empresa. Durante 28 anos fui o responsável por todas as pesquisas geológicas da Cerâmica do Grupo Portobello tendo trabalhado em SC, PR, MG e estados do Nordeste.

E as pesquisas geológicas?
Em minhas pesquisas geológicas pelo Brasil afora fiz expressivas descobertas de minérios para inúmeras empresas e tive muitas aventuras. Uma queda de helicóptero e dois pousos de emergências com aviões de pequeno porte, sendo uma no Amazônia à noite e outro no Cerrado ao norte de Brasília. Na Amazônia passei uma semana no meio da selva convivendo na Aldeia com os índios Cintas Largas. Realizei muitas prospecções de minério em vários estados do norte, incluindo o Mato Grosso, Amapá, Pará, entre muitos outros estados da Amazônia Legal.
Como geólogo fiz algumas descobertas que mudaram o uso das matérias-primas na fabricação de cerâmica. Uma delas foi o fonólito de Lages, uma rocha vulcânica com alto teor de potássio que permitiu economizar a energia e aumentar a produtividade das indústrias cerâmicas e que até hoje continua sendo muito utilizado. Descobri e pesquisei as argilas plásticas do tipo “Ball Clay”, as mais nobres e raras desta categoria. Essas pesquisas foram desenvolvidas para duas empresas que utilizam em cerâmica de alta tecnologia. São as maiores reservas desse tipo de matérias-primas nobres já descobertas no Brasil. Além dessas matérias-primas, outras inúmeras foram descobertas e pesquisadas por mim no Sul e em todos os cantões do Brasil, incluindo no Cerrado, Amazônia Legal, nordeste, entre outros estados.




 Em trabalho de campo

Publicou alguma coisa sobre Restauração Ambiental?
Recentemente publiquei um livro sob o título Restauração Ambiental de Sistemas Complexos lançado em Blumenau, na Universidade Federal Rural da Amazônia e fui convidado para lança-lo na Europa.




Já há outra obra no prelo?
Agora já trabalho em outro livro, com o título de “Curso sobre Recuperação e Restauração de Áreas Degradadas”.

Outras participações?
Participei em concurso nacional com o CaseTeoria dos Sistemas, concorrendo com as grandes corporações nacionais e estive entre os primeiros colocados tendo recebido a menção honrosa, ficando inclusive na frente do Case da TV GLOBO que apresentou um Case referente ao Projeto Projac.

E atualmente?
Atualmente me dedico também ao estudo do paleoclima (clima antigo de milhares e milhões de anos passados) e o impacto das mudanças climáticas no Brasil e no mundo. Tenho realizado documentários sobre as mudanças climáticas no Alaska, Canadá, Antártida, Groenlândia e na Patagônia.
Aqui no litoral catarinense, orientei e terminamos várias pesquisas no mestrado e doutorado do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB, baseado no IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. Nestas pesquisas realizamos mapeamentos de alta precisão georreferenciados sobre cenários futuros da transgressão marinha que ocorrerá com a elevação do mar devido as mudanças climáticas e que afetará gravemente as cidades litorâneas, como Joinville, Navegantes, Itajaí. balneário Camboriú e Itapema.

Promoveu algum evento na área atinente?
No final de 2018, inaugurei com apoio da FURB, uma exposição permanente de dois fósseis que está localizada no Campus I, situado no segundo piso da Biblioteca da Instituição. Esses crânios de dois fósseis descobertos por mim e meus orientados são de relevância internacional. Minhas pesquisas em coautoria, confirmaram tratar-se da primeira prova paleontológica da Deriva Continental (que a América do Sul esteve no passado geológico longínquo colado na África). O crânio do outro fóssil representa um elo de transição da vida marinha para a vida terrestre (em que a bexiga natatória dos peixes se transformou em pulmão e as barbatanas se transformaram em membros locomotores). Ambos os fósseis estão em um Diorama projetado por arquiteta da FURB para visitação gratuita.  Nela os visitantes poderão ver a reconstituição destes fósseis de 250 milhões de anos e ler os artigos nacionais, internacionais e ver em um monitor as reportagens da mídia nacional sobre as descobertas.




Finalizando
Atualmente sou comentarista semanal do Jornal Opinião Pública da Rádio Nereu Ramos e da TVGALEGA e trabalho como voluntário para a Polícia Ambiental e órgãos ambientais do estado.
Trabalho também, como consultor em economia mineral e recuperação de áreas degradadas e faço palestras. Para a próxima palestra, estão todos convidados, será no dia 19/02/2020 na Conferência sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável promovido pela Câmara Brasil-Alemanha.




Lançamento de meu livro e com a família no dia do lançamento



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 Inauguração na FURB dos dois fósseis de interesse internacional.

Referências: Publicado aos 02.02.2020



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