SÉRGIO SEBOLD
Economista, Especialista em Economia Política e Professor (Mestrado) de Pós Graduação em Engenharia de Produção
O entrevistado desta semana é o Economista, Especialista em
Economia Política e Professor (Mestrado) de Pós Graduação em Engenharia de
Produção Sergio Sebold, nascido em Porto Alegre aos 11 de dezembro
de /1940; filho de Virgilio Frederico Sebold e Helga Valesca Sebold ;
companheira Noralva Regis Tensini Sebold – Casado civilmente em segunda união;
filhos Sergio, Luciara Fabiane, Cristiane e Tais e Joao Paulo Tensini – enteado
Quais são as lembranças que você tem da sua infância?
A grande
lembrança é que vivíamos em plena segurança, numa família numerosa de oito
irmãos morando numa casa confortável. Quando jovem adolescente, voltava para
casa,a qualquer hora da noite sem a mínima preocupação de ser assaltado.
Sonhávamos,
com o nosso futuro do sucesso profissional com um bom emprego; com nossos
amores jovens; e sonhos de formar uma família.
Você tem amigos da
infância ainda?
Diretamente
de infância não me recordo, mas do período de adolescente e de colégios sim
tenho muitos. Mesmo aqui de Brusque tenho boas lembranças do Zeca e do Urbano
Zendron.
O que sente falta da
infância?
São momentos
tão distante, que não me vem a mente qualquer falta. Talvez um psicólogo ou
psiquiatra com suas habilidades arrancariam alguma coisa ou mágoa. Mas neste
momento não me recordo. Apesar das dificuldades familiares, perseguições de
meus pais durante a guerra e outros riscos de vida, tive uma infância feliz. Comecei
ver o mundo como todos os mortais, em Braço do Norte onde morei até os sete
anos.
Quando você era
criança queria ser adulto?
Ah sim. Toda
a criança normal sonha com este momento. Aquela sensação de libertação dos pais
com suas regras e disciplinas.
Sonho de criança? Em que você sonhava ser quando era pequena?
A educação dos pais na época sempre indicava o caminho
para uma boa profissão, de futuro. Meus pais sempre incutiram e estimulavam
para os estudos, “sem estudos meu filho você não será nada na vida”. Sempre
tive certa queda para matemática. Então
a Engenharia foi meu primeiro sonho. Mas a época só havia curso em Porto
Alegre. Como morador de Novo Hamburgo, se tornou muito difícil pelas condições
da minha família. Como era o primeiro da ninhada, teria logo começar a
trabalhar e se preocupar com o futuro. Fiz na época Contabilidade, e em
continuação o superior na UNISINOS (que estava começando, fiz parte da primeira
turma de formandos) onde fiz Economia. Em seguida fiz uma especialidade em
Economia Política na PUC/RS. É necessário dizer que fiz todo o curso primário e
médio com bolsa da Prefeitura. Na época já havia também estas facilidades. Na
época era fundamental para se conseguir uma boa profissão era saber ou dominar
datilografia, como hoje seria o computador.
Como era a escola
quando você era criança?
Havia o espírito de disciplina e o pleno respeito aos
professores. Os pais recomendavam aos professores o pleno rigor pela disciplina
em aula. O professor sempre tinha razão e os pais não questionavam. Talvez isso
não permitiu me tornar um bandido, alcoólatra, etc. Havia mais respeito e
dignidade nas instituições. Circunstancialmente tive toda minha formação em
colégios religiosos, em diversas congregações católicas, principalmente
Maristas ( Santo Marcelino Champagnat) e Jesuitas (Santo Inácio de Loyola).
Quais eram suas
melhores e piores matérias?
Como dito
anteriormente, tive logo sabor pela matemática, por extensão ciências, física,
química e desenho. Entretanto o português era meu calcanhar de Aquiles.
De que atividades
escolares e esportes você participava?
Havia duas
opções nas escolas, basquete ou futebol. Como era pequeno para o basquete,
gostava de fazer minhas incursões no futebol.
Formação escolar desde
o início dos bancos escolares?
A trajetória, depois do primário foi ser Técnico em
Contabilidade no secundário. No nível superior, Economista, Especialização em
Economia Política e Mestrado em Engenharia de Produção, no eixo da Pesquisa
Operacional. Tive mais de vinte trabalhos científicos publicados em revistas
especializadas.
Primeira professora
Delci Locks
Sebold, minha tia, no colégio Dom
Joaquim de Braço do Norte
Grandes professores?
Alem do Padre
acima, outro de boa lembrança foi Ary Burger economista da elite política
gaúcha.
Quais eventos
mundiais tiveram o maior impacto em sua vida durante a sua infância e
juventude?
A guerra fria entre EEUU e URSS, eram as maiores
angústias, por estar sempre acompanhando pela minha curiosidade nata.
Evidentemente os fatos positivos como a chegada do homem a lua. O movimento
social de 1968 iniciado na França. O fenômeno dos Beatles, Elvis Presley, etc.
Como
foi sua juventude? O que você mais gostava de fazer para se divertir?
Tão bela como toda a vida. Meu pai só se separou com a
morte de minha mãe. Isto deu dignidade de viver a mim e a todos os irmãos. Esta
era a única forma de separação daqueles bons tempos. Tínhamos também a nossa
“turma” onde fazia nossas peripécias. Incomodamos. Somente havia cinema e rádio para se divertir. TV nem se imaginava. O rock
on roll estava estourando as parada e nós entravamos na onda. Para os jovens
tudo que fosse novidade atraia. Assim como é até hoje. Quando estudava,
(matemática para variar), o fazia na mesa da cozinha, porque outra não havia,
ouvindo o rádio, que na época só divulgavam músicas clássicas (que ainda
continua sendo lindas).. A noite ficava navegando pelo rádio através das ondas
curtas, noticias do mundo, a BBC (Inglaterra), Voz da América(EUA),
Rádio Moscou (Rússia), Rádio Canadá, Noticiário de Mao (da China) com muita
chiadeira de interferências eletromagnética. Embora fossem recheadas de
propaganda político/ideológica havia boas programações musicais. Quando
um amiguinho ou amiguinha fazia aniversário era comemorada em casa de um deles
com danças e “cuba libre”. De onde se formaram famílias mais tarde. Não havia baladas monumentais em clubes
finíssimos. Éramos felizes.
Pessoas que
influenciaram?
Tive muitas pessoas que me influenciaram na vida. Na
minha formação profissional uma pessoa que deixou marca foi o Pe. Pedro
Calderão Beltrão (Jesuíta), pela sua disciplina “Sociologia” no curso de
Economia particularmente sobre demografia, que já fazia parte da análise e
preocupação populacional nos idos ano de
1960. Ele era considerado um dos cinco melhores demógrafos e estudiosos da
família na época. É o que me faz mais presente na mente, nesse momento.
Torce para que equipes?
Por ter
praticado muitos anos tênis, não estabeleci preferência por qualquer time de
futebol. É evidente quando temos uma disputa nacional, tenho preferência pelo
Figueirense.
Como conheceu a
Noralva:
Desde que me divorciei com 55 anos, estabeleci a
expectativa de uma pessoa ideal, diante da experiência anterior. Nas minhas
orações desejava: Que fosse viúva, (não divorciada/desquitada), de idade entre
40 e 50 anos, católica de fé, de classe média, educada no trato com as pessoas,
oriunda de família grande como a minha, que já tivesse filhos criados, pois não
desejava ter mais filhos; já tinha dado minha contribuição a humanidade com 4
filhos. Por intermédio de um irmão meu, que veio a Brusque (eu estava morando
no Balneário Camboriú), fui apresentado a uma senhora, esposa de um amigo dele,
que sabendo da minha disposição como divorciado, disse que conhecia uma viúva,
e que iria fazer nossa aproximação. Foi que ocorreu. Mais tarde vim aperceber,
que esta viúva era uma que passeava na praia de Balneário sozinha (como viúva),
como eu também o fazia. Vi-a varias vezes, mas na época ficou por isso ai, pois
achava ela muita areia para meu caminhão. Na época 1996, quando nos foi dado a
conhecer por aquela amiga, ela encarnava exatamente a pessoa que tinha
idealizado. Casamos e até hoje, 18 anos, estamos juntos.
Qual o artigo que
escreveu e teve maior repercussão positiva?
Não conheço estatística sobre as avaliações ou repercussões.
Mas pelo que saiu e comentado em outros ambientes como o GRUPIA, Câmara
Municipal em nosso município, foram alguns polêmicos sobre ideologia de gênero,
aborto, homossexualismo, desestruturação
familiar; especificamente: “Tirania de gênero: Genitor um,
Genitor dois...” - Município 7-04-14; “Aborto: Rompimento
do dique moral” – Município
11-11-13; “O aborto
invisível” - Município 09-09-13; “Família sem fé desmorona” – Município 18-08-14
Alguns
artigos por manifestação pessoal “Relativismo Moral 13/01/14”.
Pelo Site “Católicos On-line” houve um artigo que teve
mais de 800 acessos, “Retorno às catacumbas”;
no Município publicado em 02/09/2013. Neste site há 37 artigos publicados.
Um artigo que teve repercussão pelo efeito polêmico,
publicado no Jornal do Brasil foi “Ciência
não avança com romantismo”, (no Município 04-11-13) com referência a
invasão de um laboratório de pesquisa em São Paulo usando cachorros como cobaias.
Tive três contestações rancorosas sobre o tema, todos fruto do relativismo
cultural que estamos vivendo, ou seja, se dá mais valor aos animais do que o
ser humano.
Qual o artigo que
publicou e não escreveria jamais?
Não me vem a
mente algum que tenha esta condição. Mesmo aqueles que tiveram contestações,
não me abalaram minhas convicções. É evidente que o tempo fez melhorar a
qualidade de argumentação e literatura.
Na minha
lembrança, dos mais recentes posso referir:
- “A
economia do hidrogênio” – Jeremy Rifkin;
- “Pela
mão de Alice – O social e o político no pós-modernidade” - Boaventura de Souza Santos;
- “O
colapso da modernização – da derrocada do socialismo de caserna à crise da
economia mundial” – Robert Kurz;
- “O
império do efêmero – a moda e seu destino nas sociedades modernas”
Gilles Lipovetsky;
- “Crítica
da modernidade” – Alain Touraine.
Entre livros
técnicos (de economia e sociologia), filosóficos, profissionais, romances e
outros do gênero, acredito ter lido mais de 500 obras.
O que está lendo
atualmente?
Terminei de
ler a “Vida secreta de Fidel” de Juan Reinaldo Sanchez
Quais medos você tem ou teve? maior medo é o de
envelhecer ou o de entristecer?
Nunca tive preocupação com o
envelhecer. O jeito é encara-lo com tranquilidade e paz de espírito. O morrer é
o único conflito que jamais será resolvido, então porque se preocupar. A única
coisa que espero que eu tenha uma morte santa bem assistida e obviamente com o
mínimo sofrimento pela passagem.
Arrependimentos?
Como cristão católico sempre
temos nossos pecados a se arrepender. Não existe um dia de nossas vidas em que
não falhamos e pecamos em pequenas coisas, necessitando da renovada
misericórdia de Deus. Ao longo da vida vai se convivendo com os erros e
acertos, sendo estes um excelente aprendizado da vida. Arrependimento com força
de mágoas ou frustrações, graças a Deus não tenho. Não guardo rancores mesmo de
alguns desafetos, antes perdoo e rezo por eles. Se perguntar por algum deles,
terei dificuldades de lembrar, pois a deslembrança confirma meu perdão. Não
somos perfeitos, espero que eu seja perdoado, por algum deslize cometido para
alguns.
O que você acha da programação da televisão de hoje?
Salvo algumas honrosas exceções
dos canais abertos, péssimo sob todos os pontos de vista. Alguns canais ou
programas deixa claro suas características ideológicas, ligadas ao
homossexualismo, aborto, apostasia, vícios, apologia para o sexo etc. Não educa,
e pior, deseduca, destrói todos os valores que são pregados na família pela
tradição. Quem tem lido meus artigos deverá ver minha posição contra uma mídia
permissiva, dirigida com forte apelos ideológicos e imorais, que destrói os valores fundamentais da
família. Os temas novelescos, só incitam a vingança, ganância, dissolução da
família como o objetivo moral maior. A encenação é feita em clima de gritarias
e continua discórdia entre as pessoas das famílias entre pai, mãe e irmãos. As
palavras que mais se houve “eu te odeio”, “eu vou me vingar”; “eu vou de
destruir”; “nosso casamento acabou”; temas
de continuas trapaças entremeados com mansões luxuosas, carrões, iates, aviões,
donos de empresas, crimes, violências e outras mazelas da sociedade. Não se vê
algum tema se dirigindo para uma moral de dignidade entre os personagens. Tudo
é encenado como se a sociedade fosse totalmente podre em seus valores, levando
os jovens a um ceticismo e uma desilusão da vida. Para agradar setores
católico/cristãos são encenados casamentos fajutos, onde demonstra uma
caricatura do ato sagrado, deixando claro que é somente um evento, que o
casamento será eterno enquanto dura. A
encenação de separações divórcios é representado como um fato normal na vida
das pessoas, sem a mínima preocupação para as consequências sobre os filhos. A
representação cênica é de uma pobreza escancarada. Tudo leva o merchandising de
algum produto do momento,
Qual foi o maior desafio até agora?
Embora já tenha publicado um livro com meus próprios recursos, sobre
economia nas famílias (“Economizar e prosperar e so começar”), tenho dois
prontos para publicação. Entretanto não estou encontrando patrocinadores. Um é
romance temático (“Amar e recomeçar”, titulo provisório) sobre os conceitos de
aborto e da fidelidade conjugal; outro uma compilação de todos meus artigos até
o ano de 2013. Estes são os próximos desafios.
Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez ?
Tive muitas iniciativas que não
tiveram sucesso, como uma fábrica de sapatos, lavoura de trigo e algumas outras,
fruto da inexperiência da vida. Mas nada me arrependo, ou me abalaram minha
psique; fazem parte da saga da vida; foram belas experiências que ficarão como
pegadas da história nessa passagem pelo mundo.
Fale um pouco de sua
trajetória profissional e da sua história de vida?
Comecei como auxiliar
de escritório, com curso profissional de Técnico em Contabilidade (1960). Em
seguida como contador em diversas empresas (10 anos). Tive escritório próprio de Contabilidade e de Investimentos
pela venda de títulos do mercado de capitais. Posteriormente, me mudei para
Belém do Pará, iniciando minhas atividades em empresa de sacaria de Juta (fabrica localizada em Parintins/AM). Logo me
surgiu uma boa oportunidade no setor de telecomunicações na empresa TELEPARA;
concomitantemente, dava aulas a noite na Universidade Federal do Pará. Neste
ramo (telecomunicações) atuei até minha aposentadoria, trabalhando ainda na CRT
(Rio Grande do Sul), Brasília TELEBRAS e finalmente na TELESC (Florianópolis).
Por convite, vim ainda dar aulas na UNIVALI, FURB, UNIASSELVI, IBES e UNIFEBE
todas ligadas a minha formação em economia.
Algo que você apostou e não deu certo?.
Já respondido
anteriormente, tive algumas iniciativas que não deram certo.
O que faria se
estivesse no inicio da carreira e não teve coragem de fazer?
Sempre fui um
corajoso, audaz, tudo que fiz o foram com bons propósitos: progredir. Por isso
não tenho nada em me arrepender Mas nem tudo na vida dá certo. A vida é sempre
um risco. Quem não arrisca não tem sucesso, não marca ponto.
O que você aplica dos grandes educadores, das
aprendizagens que teve, no seu dia a dia?
Toda a
herança cultural, moral e de fé cristã que adquiri primeiro de meus pais e
depois de meus mestres ao longo da vida. O espírito de garra. O meu maior
aprendizado foi através da intensa leitura que tenho até hoje.
Quais as maiores
decepções e alegrias que teve?
Prefiro ver pelo lado positivo, as alegrias de ter uma
prole de 4 lindos filhos (um varão e três mulheres), todos com suas
dificuldades naturais da vida , mas todos cidadãos honrados; mais seis lindos
netos e uma neta adotada. Nem mesmo da Ex levo qualquer mágoa, pois ela me deu
aqueles lindos milhos Entre tantas alegrias uma que me vem a mente foi minha
formatura e a conquista do titulo de Mestre em Engenharia pelo desafio que me
obrigou. Também a compra de uma casa, dentro do gosto e sonho que alimentava, em
São Jose na grande Florianópolis.
Quais as suas
aspirações?
Ainda sonho, apreender um instrumento musical como piano
(hoje teclado), e estudar (terminar) o curso de filosofia iniciado na Faculdade
São Luiz de Brusque, continuar escrevendo minhas reflexões. Continuar sonhando,
sonhando, sonhando... com um mundo melhor de mais fraternidade e solidariedade.
Referências: Públicado no Jornal Em Foco aos 08 de maio de 2015
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