Dra
Camila Coelho
Juizado
Especial
A entrevistada desta semana é a Dra Camila Coelho;
nascida em Blumenau aos 28/03/1979. Estudou no Colégio Franciscano
Santo Antônio, no Colégio de Aplicação da UNIVALI e no
UNIFICADO, em Blumenau, Itajaí e Balneário Camboriú,
respectivamente. Formada em Direito pela UFSC e mestranda em ciências
jurídicas pela UNIVALI.
Nossa entrevista a Dra
Camila Coelho
Como
surgiu a magistratura em sua carreira?
O
interesse pela carreira da magistratura surgiu enquanto trabalhei
como estagiária e assessora no Tribunal de Justiça e ao cursar a
Escola da Magistratura do Estado de Santa Catarina – ESMESC.
Como
preparou-se para o concurso à magistratura?
A
preparação para o concurso da magistratura consistiu em muitas
horas de estudo, antes e depois dos horários de trabalho e também
nos fins de semana e feriados.
Além
de Camboriú, quais as comarcas que já trabalhou?
Trabalhei
como Juíza Substituta na Comarca de Joinville de 2003 a 2006. No
final do ano de 2006, fui promovida para o cargo de Juíza de Direito
da Comarca de Abelardo Luz, onde permaneci até 2009. Trabalhei na 2ª
Vara da Comarca de Porto Belo e, na sequência, na 2ª Vara e na Vara
Criminal de Camboriú, nesta até agosto de 2014. Atualmente, exerço
a função de Juíza de Direito do Juizado Especial Cível e Criminal
da Comarca de Brusque.
Como surgiu Brusque em sua trajetória? Já conhecia a cidade?
Conhecia muito pouco o município de Brusque, mas sempre tive excelentes referências sobre a comunidade e os serventuários da Justiça desta Comarca.
Quais as melhores obras que já leu? O que está lendo atualmente?
Tenho lido sobre sociedade de risco e sustentabilidade, por influência do curso de mestrado, tema que é bastante atual e preocupante, diante da crise ambiental mundial e da crise da democriacia representativa.
Doutora Camila, os juizados são apontados como uma grande solução para resolver parte do problema do judiciário brasileiro. Eles desafogaram a Justiça brasileira ou eles trouxeram para o judiciário conflitos que jamais chegariam e seriam solucionados de outra forma?
Por
certo, assistimos no Brasil a um crescimento cada vez maior dos
conflitos judicializados, o que considero como resultado da
ineficiência das agências reguladoras, do descumprimento do Código
de Defesa do Consumidor e do Código de Trânsito Brasileiro, do
incentivo da cultura do litígio e, por outro lado, da falta de
cultura de solução extrajudicial de conflitos.
O
Sistema dos Juizados Especiais possibilitou resgatar para o ambiente
da cidadania um universo de pequenos litígios que no sistema de
justiça tradicional estava completamente inatingível? Como vê o
Juizado Especial e ampliação do acesso à Justiça ?:
Os
Juizados são parte da solução para resolver o elevado crescimento
de litígios na sociedade. Através do Juizado Especial, pretende-se
criar uma cultura de solução de litígios por acordo entre as
partes. O Juizado Especial permite o acesso à Justiça a cidadãos e
conflitos que não seriam alcançados pela Justiça Comum. Por outro
lado, incentiva a solução desses conflitos através da conciliação
e é capaz de fornecer uma resposta mais rápida e efetiva às causas
de menor complexidade, mas que atingem diretamente a vida do cidadão.
A doutrina, de forma encorpada, tem se laçando contra a possibilidade do exercício da jurisdição pelo juiz leigo, delimitando sua atuação nos Juizados Especiais Criminais à figura do conciliador, intermediando a composição dos danos civis decorrentes das infrações penais de menor potencial ofensivo, com posterior homologação por Juiz togado, mas sem avançar na fase de transação penal. É uma desculpa insconsistente?.
Os
conciliadores e os juízes leigos, diante do elevado e crescente
número de processos, são essenciais para que se possa atender, com
a maior agilidade possível, às partes. Todos os atos praticados são
supervisionados e sujeitos à homologação pelo Juiz de Direito, não
se verificando qualquer prejuízo decorrente da atuação desses
colaboradores. A atuação dos juízes leigos, notadamente nas
intruções de processos cíveis, está prevista em lei e deve ser
incentivada, a fim de que se dê cumprimento aos princípios que
regem o Juizado Especial, notadamente da economia processual e
celeridade.
Como a Sra vê o juizado itinerante - sair em busca do povo, de sair do seu gabinete e ir atrás do problema ?
Como a Sra vê o juizado itinerante - sair em busca do povo, de sair do seu gabinete e ir atrás do problema ?
O
Juizado Especial itinerante busca aproximar-se da comunidade e
proporcionar uma solução quase que imediata das causas de menor
complexidade, prevenindo que os conflitos e as lesões a direitos daí
decorrentes agravem-se.
O consumidor que sentir-se lesado como deve proceder?
O
consumidor que se sinta lesado e que não tenha conseguido resolver a
questão através de contato com o fornecededor de produtos e/ou
serviços ou do PROCON, pode realizar a sua reclamação junto ao
Juizado Especial, sem a necessidade de representação por advogado,
nas causas de valor inferior a 20 salários mínimos. A UNIFEBE,
parceira do Juizado Especial de Brusque, através de seus professores
e alunos/estagiários, realiza diariamente o atendimento e a
orientação das partes e reduz a termo a reclamação perante o
Juízo.
Principais
ocorrências no Juizado Especial?
Nota-se
que as principais ocorrências verificadas no Juizado Especial Cível
são decorrentes de relações de consumo, cobrança de débitos e
acidentes de trânsito. Já no Juizado Especial Criminal são aquelas
decorrentes de posse de entorpecentes para consumo próprio.
Quadro funcional do JE é suficiente para atender a demanda?
O
quadro funcional do Juizado Especial tem se mostrado suficiente
diante da dedicação e competência dos servidores e estagiários
que o compõem. No entanto, a ampliação seria importante para maior
agilidade dos processos. Há necessidade maior, atualmente, de
ampliação do quadro de conciliadores e juízes leigos.
Dra Camila em
ação no Juizado Especial
Publicado no Jornal EM FOCO aos 12 de setembro de 2014
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