SAULO
ADAMI
“O
tempo é meu aliado!”
O entrevistado desta semana
é o escritor SAULO ADAMI. Nascido Luiz Saulo Adami em Brusque, em 21
de fevereiro de 1965, ele é filho dos comerciantes Teresa Conte e
Luís Avaní Adami, moradores do Arraial dos Cunhas, município de
Itajaí, e irmão de Karina Adami, formada em Direito. Casado com a
psicóloga Jeanine Wandratsch Adami, ele é um dos nomes mais
conhecidos da literatura de Santa Catarina. Saulo Adami é autor de
65 livros de poesia, conto, crônica, novela, romance, história,
cinema... Em sua obra mais recente, o livro de poemas “Relicário”
(DOM, 2012), ele divide espaços com o também poeta e amigo de longa
data, o brusquense Edson Luiz Maurici ou Luigi Maurizi. Atualmente,
Adami divide seu tempo entre Paraná e Santa Catarina. Continua
escrevendo e editando livros sob encomenda, prestando consultoria a
outros autores interessados em publicar suas obras. Nesta entrevista
exclusiva, Adami fala de suas atividades desde o lançamento do
romance “Kuranda do Egito” (DOM, 2012), e de alguns de seus
projetos que estão em andamento, como a biografia do médico e
político José Celso Bonatelli, e um novo documentário para a
produtora brusquense Prime Filmes, resgatando a memória
histórico-cultural do Vale do Itajaí.
Saulo
Adami palestrou para estudantes e deu autógrafos na Feira de Livros
do Colégio Fayal (FLIF, 2013). Crédito da fotografia:
Jeanine Wandratsch Adami.
Em abril de 2012, você
lançou o livro “Doutor Nica” em parceria com sua mulher, Jeanine
Wandratsch Adami. Há outros livros em parceria programados para
breve?
“Doutor
Nica” foi um dos momentos mais gratificantes da minha carreira.
Jeanine e eu nos sentimos honrados pelo privilégio de contar a
trajetória de vida de João Antônio Schaefer. Eu gosto de trabalhar
em parceria, e tive vários co-autores ao longo destes 39 anos
dedicados à produção de livros. Hoje, estou desenvolvendo outras
obras em parceria, mas a maior parte delas está em sua fase inicial
de pesquisas. Ao mesmo tempo, tenho algumas obras aguardando apenas a
liberação para seu envio à produção gráfica: “Com a Bola
Toda: 100 Anos do Clube Atlético Carlos Renaux”, escrito com
Giselle Zambiazzi, é uma delas.
Dr
Nica
Assim como “Kuranda”,
“Kuranda do Norte” e “Kuranda do Espaço”, o romance “Kuranda
do Egito” não é conclusivo quanto aos destinos do personagem. Há
planos para escrever uma continuação para esta história?
Quando
se trata de ficção, é a inspiração quem diz se haverá ou não
continuidade. Há histórias que rendem vários livros... Há
histórias que não evoluem mais do que uma dúzia de páginas, por
mais apaixonante que nos pareça, quando chega a inspiração...
Kuranda é um personagem presente na minha história desde 2008,
quando se manifestou pela primeira vez. Naquele ano, escrevi seu
original sem pensar em qualquer possibilidade de dar continuação à
sua história. Os quatro livros com o personagem Kuranda foram
lançados entre 2010 e 2012. Aprendi a nunca dizer não
a este personagem: quando a inspiração se manifesta, estou sempre
pronto para atender ao seu chamado. Tanto é verdade, que estou
trabalhando em algumas anotações que tenho feito, desde 2012. A
continuidade ainda não tem um título, mas já deu seus primeiros
sinais de vida. Vou aguardar e confiar na inspiração.
Quais os outros livros
que você produziu e lançou desde o final de 2012?
Do
final de 2012 até final de 2013, lancei: “Nas Mãos de Deus: A
Verdadeira História de Lilli Zwetsch Steffens” (DOM, 2012), 9ª.
edição; contos e histórias em quadrinhos “Perdidos
no Planeta dos Macacos”
(Clube
de Autores, 2013), com Angelo Júnior;
“Sintricomb
– História em construção”
(DOM, 2013);
“Relicário”
(Nova
Letra, 2013),
com Luigi Maurizi.
Como editor, lancei: “Casa
Brasileira”
(DOM,
2013),
de Jorge de Souza,
e “Os
Pés da Libertação”
(DOM,
2013),
de Lilli Steffens e Luigi Maurizi.
Outros aguardam oportunidade, como “O pensamento
vivo de Frei Odorico”,
com
Gervásio
Tessaleno Luz.
O que representou para
você lançar um livro em parceria com o poeta brusquense Edson Luiz
Maurici, o Luigi Maurizi?
Nós
nos conhecemos há mais de 30 anos. Somos autores de – somando
obras de cada um – mais de 80 livros lançados entre 1981 e 2013.
Pela primeira vez juntos em “Relicário”, cada autor tem seu
próprio livro
dentro da obra: “Incontinente”, de Luigi Maurizi, é uma
coletânea dos poemas escritos depois de “Comod’Antes” (DOM,
2012); e “Correnteza” é uma coletânea de poemas que escrevi
entre 1980 e 2013, publicados em outros livros, com estrutura revista
e ortografia atualizada. Posso dizer que o livro “Relicário” é
resultado da nossa inspiração e das nossas vivências, “a poesia
da vida inteira que o cotidiano e as paixões inspiraram”, como se
lê na quarta capa da obra.
Relicário
Você
ainda tem tantos originais nas gavetas quanto tinha no início da sua
carreira?
O fato de escrever todos os dias – o tempo e a prática diária da
escrita dão as ferramentas das quais preciso para fazer o que
preciso fazer da melhor forma possível – facilita meu trabalho.
Sim, ainda há muitos originais a publicar, estou organizando
coletâneas de poesia, conto, crônica, romance e peças teatrais
que, acredito, mereçam uma primeira ou uma nova edição, com todas
as revisões, atualizações e releituras que se façam necessárias.
Embora eu não possa reclamar da demanda, pois sempre tenho convites
para escrever livros por encomenda, não disponho de recursos para
publicar todas as obras que gostaria. Porque a empresa editora Luiz
Saulo Adami que criei em 2003, não tinha como principal objetivo
arrecadar recursos com a venda de livros. Sua principal meta era a
criação e viabilização de projetos editoriais. Tais projetos
incluíam atividades como: pesquisa, entrevistas, redação e
preparação dos originais de um livro para produção gráfica. Meus
primeiros clientes foram prefeituras de municípios que não tinham
uma obra sobre a história de sua comunidade; ou, quando a tinham,
tal obra estava desatualizada, requerendo uma nova contribuição à
memória da comunidade. Tanto que em 2003 e 2004 foram escritos e
lançados seis livros, os primeiros com meu selo editorial: obras
sobre municípios de Itajaí, Massaranduba, Agrolândia, Imbuia, Rio
do Oeste e Vidal Ramos.
Não
faz muito tempo, seu nome estava ligado à produção teatral. Você
ainda escreve textos para teatro?
De
1975 até 1996, atuei com mais intensidade no setor de teatro. Foram
mais de 30 peças montadas como autor, diretor, ator e produtor...
Mas, de todas as áreas nas quais trabalhei, a teatral é uma das
mais exigentes. Embora não tenha mais participado diretamente na
produção – a última experiência foi como ator no monólogo
“Paredes de Lona Sem Brilho: A Empreitada” (1996), apresentada no
Concurso Nacional de Monólogos Atriz Ana Maria Rego, em Teresina,
Piauí –, escrevi outros textos, todos inéditos. De vez em quando,
ensaio algumas anotações para novas peças... Em 2013, cuidei da
dramaturgia no texto original da atriz Sandra Baron, “Feminin[a]”,
que teve estreia em Chapecó, Santa Catarina. Como escritor, eu sirvo
à inspiração, e estarei pronto para atendê-la, quando a luz
inspiradora do teatro voltar a se acender dentro de mim.
Como foi a experiência
de escrever o roteiro para o documentário “Expedições à Cidade
Schneeburg”, da Prime Filmes?
O convite do diretor Darlan
Serafini trouxe a oportunidade que eu esperava: transpor dos livros
para as telas do cinema a história da minha terra natal. O roteiro
foi escrito em setembro de 2012, as gravações tiveram início em
meados do ano seguinte, com 12 entrevistados e uma equipe de produção
engajada e determinada a fazer o seu melhor. Esta foi uma das maiores
emoções da minha carreira, até aqui.
Há alguns outros
projetos previstos para sua participação em filmes desta produtora?
Sim, escrevi o pré-roteiro
do documentário “Vozes do Meu Vale”, que aborda os dialetos
trazidos pelos colonizadores europeus e que ainda hoje, passados mais
de 150 anos da colonização do Vale do Itajaí, ainda são falados
em alguns dos 51 municípios da região. “Expedições à Cidade
Schneeburg” me inspirou a propor outros projetos para a Prime
Filmes, que ainda estão em fase de conversações, curtas-metragens
sobre a história regional, abordando temas como preservação
histórica, artes cênicas, comunicação social, colonização... Em
breve, a produtora terá novidades para anunciar a todos que se
interessam pelo resgate histórico e pela preservação da memória
da nossa região.
Legenda
da fotografia:
Roteirista
de "Expedições à Cidade Schneeburg", Saulo Adami falou
durante lançamento do documentário, em dezembro de 2013 - Crédito
da fotografia: Divulagação /Prime Filmes
De quem partiu o convite
para você escrever a biografia do médico e político José Celso
Bonatelli?
A professora Elisabeth
Bonatelli e suas filhas me convidaram para uma reunião, no ano
passado. Pediram para que eu esboçasse um pré-projeto com esta
finalidade, e ele foi aprovado. Comecei a trabalhar no livro em
janeiro deste ano, animado com a oportunidade de escrever sobre um
administrador que valorizou e estimulou a cultura em nossa cidade. As
primeiras entrevistas foram realizadas com Cesar Gevaerd, Ivo Barni e
Zeno Heinig, em janeiro. Ao todo, serão mais de 40 entrevistas para
traçar um perfil biográfico à altura da personalidade que foi
Celso Bonatelli. Este é o tipo de obra que mais me atrai: um
personagem bom, uma história de vida que merece ser contada para
esta e as futuras gerações.
Além
da obra sobre José Celso Bonatelli há outros livros com previsão
de ser lançados por sua editora?
Quem
nasce escritor, não tem prazo para parar de escrever. Quanto mais o
tempo passa e mais ocupado eu estou com projetos editoriais, mais
tempo eu tenho para escrever! O tempo é meu aliado, ele ajuda a
aprimorar técnicas e a lapidar a composição. Desde que foi criada,
a empresa editora Luiz Saulo Adami teve dois selos editoriais: S&T
Editores – de 2004 a 2011 – e DOM – de 2011 a 2013. A
princípio, a editora foi criada para publicar meus livros. Outros
autores pediram para que eu editasse suas obras com meus selos
editoriais, o que resultou em mais de 90 livros lançados entre 2004
e 2013. Decidi que era hora de encerrar as atividades da empresa e
continuar apenas com meu trabalho como autor de livros e de roteiros
para filmes. Porém, continuo atendendo convites para supervisionar
ou coordenar projetos editoriais de outros autores interessados em
meus serviços profissionais. Afinal, foi para isso que eu vim.
Por muitos anos, não
tive notícias de lançamento de livro de poesia de sua autoria, até
que agora tive acesso ao “Relicário”. É sua nova vida que tem
inspirado sua criação?
Sem dúvida! A vida que
estou vivendo ao lado de Jeanine, e estimulado por tantos bons
resultados nas áreas de literatura e cinema, têm inspirado muitas
composições, não apenas em poesia, mas em todos os demais gêneros
aos quais dedico minha atenção. Outro dia, conversamos sobre isso.
Fiz um levantamento e constatei que tenho mais poemas escritos de
2011 até agora do que tive nos demais períodos de minha carreira.
Ótimo sinal, não achas?
Legenda
da fotografia:
Saulo
Adami escreveu seus primeiros textos literários aos 9 anos de idade,
quando estudava na Escola Municipal Luiz Silvério Vieira (Arraial
dos Cunhas, Itajaí) - Crédito
da fotografia: Acervo de Saulo Adami
Publicado no jornal EM FOCO aos 07 de fevereiro de 2014
Publicado no jornal EM FOCO aos 07 de fevereiro de 2014
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