O entrevistado desta semana é Toni
Nícolas Bado, nascido em
Brusque, há 47 anos, em 08/04/1972. Atualmente residindo em Curitiba
há 13 anos; filiação: Antonio Abelardo Bado e
Joceli de Souza e Silva; Cônjuge: Mauria Colombi Bado; dois
filhos: Bibiana Colombi Bado, 10 anos; e Fernando Colombi Bado, 8
anos, ambos nascidos em Curitiba. Torce para Santos FC e C. A.
Carlos Renaux. Aqui em Curitiba tenho simpatia pelo Paraná Clube,
por ter as mesmas cores do Renaux.
Sim, dirigente da
Liga Brusquense de Futebol de Mesa, diretor da Associação
Florianopolitana de Futebol de Mesa, participei da Comissão de
Reativação do C. E. Paysandú em 1997, dirigente do Clube Atlético
Carlos Renaux de 1999 a 2004, atuando como gerente de futebol em 2003
no campeonato da Liga Brusquense e em 2004 no Campeonato Catarinense
da Segundona de Profissionais, onde ajudamos a montar o elenco de
jogadores. Hoje, aqui em Curitiba, participando como membro do SEHA
Sindicato das Empresas de Hotelaria e Alimentação e do Clube do
Gato (felinos) do Paraná.
Como era a
formada a diretoria quando participou do CA Carlos Renaux:
Em 2003 o presidente
era o Juca Loos. Estavamos ao lado de outros dirigentes, lembro de
Roberto Kormann, Rogério Wippel, Leonardo Loos, Dorival Oliveira,
Vilimar Fischer, Antonio Abelardo Bado, Rudney Schulemburg, Aníbal
Schulemburg, Adherbal Schaefer, Beto Pereira e outros tantos que
agora a memória não lembra. Em 2004, assumiu a presidência o
empresário Jair Vargas (in memoriam) e a diretoria decidiu voltar ao
futebol profissional após 20 anos. Com isso, fizemos um amplo
trabalho no sentido de dar sustentação financeira ao projeto, onde
tivemos apoio de muitas empresas e novos sócios. Lembro que eu
visitava estas empresas, indicadas pelos dirigentes, para fechar
placas de publicidade no estádio. Posteriormente a isso, fiquei
imcumbido de programar as viagens da delegação para jogos fora de
Brusque, providenciar registro de atletas junto a Federação,
encomendar material esportivo para jogos e treinos e até levar
jogadores ao médico ou hospital para tratamento tinhamos que correr
atrás. E assim foi feito, foi uma experiência incrível trabalhar
no meu time de coração por 5 anos. Estive em todos os 22 jogos do
time, em casa e em todos os jogos fora de casa também.
Fale como foi a
equipe naquele período?
Foi
uma equipe composta 80% por jogadores de Brusque, pois a
intenção era trazer não apenas o atleta da casa de volta mas
também as famílias destes jogadores novamente ao estádio para
torcer pelo Vovô. Lembro de Fabiano Appel, Graciel, Clésio,
Claudecir, Chimbica, Paulinho Sestrem, Marcio Douglas, Edgar e tantos
outros que compunham o elenco. Lembro que a parte da imprensa
criticava e achava que não teríamos chances com um grupo tão
caseiro, mas na verdade não fizemos feio, ficamos na classificação
final em 6º lugar num total de 12 times, classificando-se inclusive
para as quartas de final do 2º turno e fomos o único time nos dois
turnos a vencermos o campeão daquele ano que foi o Juventus de
Jaraguá do Sul. Ganhamos de 2x1 no Augusto Bauer, e lembro que neste
jogo assisti a partida na arquibancada ao lado do Presidente da
Federação, Delfim de Pádua Peixoto Filho.
Carlos Renaux de
todos os tempos (escalação)?
Grande parte dos
históricos jogadores do Renaux que foi bicampeão catarinense eu
conheci e até entrevistei-os. Arno Mosimann, goleiro, concedeu à
mim a sua última entrevista em vida, fui na casa dele em
Florianópolis, no Estreito. Agenor, Esnel, Petruscky, Teixeirinha,
Julinho Hildebrand, Adherbal, Ivo Willrich, Pereirinha, Pilolo, todos
eles tive a sorte de conversar e aprender um pouquinho. Mas, eu não
era nascido quando eles foram campeões e encantaram o estado, então
eu gostaria de colocar na escalação somente aqueles que vi jogar,
que foi no período de 1978 a 1984 quando assisti todos os jogos do
Carlos Renaux em casa. Foi uma época maravilhosa para mim e que me
fez ser torcedor do Tricolor brusquense até hoje. Então, deste
período, colocaria: Ronaldo, Clóvis Zimermann, Ricardo Hoffmann,
Veneza (craque!) e Moura; Neguete, Tornado, Forró e Zeca; Niltinho
Hoffmann (Pepê) e Rodinaldo.
Grandes
dirigentes do Renaux e do Paysandú?
São tantos. No
Paysandú destacaria Arthur Jachowicz (Polaco), Gerhard Appel,
Armando Polli, Urbano Kistenmacher e Arthur Appel, são os que tive
maior convivência e o Cônsul Carlos Renaux. No Renaux, Antônio
Heill, João Paulo, Leonardo Loos, Roland Renaux, meu pai Antonio
Bado, Arno Gracher, Tato Petruscky e logicamente José Carlos Loos.
Mas, devo estar esquecendo de muitos. O importante é que todos
tiveram sua cota importante de participação no clube mais premiado
do Vale do Itajaí.
Peço perdão
àqueles que não lembrei no momento.
Campeonatos
Estaduais, ainda mantém o charme?
Eu gosto. Cresci e
aprendi gostar de futebol com eles. Acho muito interessante quando um
clube do interior consegue ganhar um campeonato ou um turno e as
rivalidades municipais são também muito especiais. Acho que
deveriam dar um pouco mais de datas para os Estaduais, não apenas 18
por ano, para que tivessem uma parte final mais bem trabalhada na
mídia, com mais destaque. Extinguir ou enxugar tanto assim os
Estaduais acho um erro. Eles deveriam ser mais valorizados e não tão
sufocados no calendário.
O Brusque FC está
no caminho certo?
Como hoje moro
longe, aqui em Curitiba, não acompanho tanto o dia a dia do clube,
mas à distãncia me parece que vai caminhando como pode, enfrentando
as dificuldades de ser um time do interior, e tendo um bom
presidente, o Danilo Rezini, de origem paysanduana...rs...Possui um
patrocinador forte, poderia ir mais longe com todo esse apoio. Torci
muito aqui em Curitiba pelo Brusque quando jogaram contra o
Corinthians, mas não classificaram na Copa do Brasil. Eu teria uma
vida inteira para tirar sarro dos corintianos se eles fossem
eliminados, mas não deu. No início do Brusque FC gostava muito de
um jogador do time, chamado Tiziu. Era muito driblador e torcia por
ele.
O Santos FC está no
caminho certo com Sampaoli, mesmo caindo na Sulamericana?
Bom, eu e acho que
todo torcedor adora o estilo de jogo que ele implantou. Posse de bola
e ataque o tempo inteiro. Há anos eu torcia para termos um técnico
assim. Ele está aí e a filosofia de jogo dele dá um banho na
maioria dos técnicos brasileiros, a maioria muito defensivistas.
O futebol brasileiro
chegará a algum título, ou os brincos, tatuagens e salto alto tomou
conta?
Esporadicamente pode
chegar a títulos, se tiver um treinador realmente bom, que não
tenha medo de tirar estrelas do time quando elas não estiverem bem,
que saiba convocar, escalar e substituir. Como a maioria deles não
acerta nisso, é dificil. Quem sabe se aparecer um grande craque
espetacular para desequilibrar a nosso favor consigamos títulos. Mas
a geração atual, como você sugeriu na pergunta, não tem foco 100%
no futebol. A cabeça se divide em outras coisas. As vezes perder é
pedagógico, quem sabe eles não aprendam com os últimos resultados
a focar naquilo que realmente precisa. Você pode fazer que times com
elencos mais caros e mais tradicionais do Brasil não cansam de serem
eliminados por times menores de outros países da América do Sul
todo ano. Isso serve de alerta.
Como você vê o
Tite comandando a seleção? Ele não fala demais e traz pouco
resultado? Não seria melhor insistir com Dunga ou Felipão?
Pois bem, Dunga e
Felipão não me agradam, pois jogam muito focando na defesa. O Tite
acho que é muito bom. Se ele deixar um pouco a teimosia de lado e
tirar do time quem não vai bem, as chances de exito aumentam. Nas
eliminatórias da Copa ele insistiu com Oscar e na Copa insistiu com
Gabriel Jesus. Deveria ter mudado. Se ele deixar essa teimosia de
lado as chances de exito aumentam. A psicologia do Tite com o grupo é
excelente, isso é importante hoje em dia. Deixaria ele mais tempo. E
quando ele sair, se sou o presidente da CBF chamo um Sampaoli da
vida. Está chegando a hora de um treinador estrangeiro. Mas,
primeiro deixa o Sampaoli trazer uns títulos pra Vila Belmiro...rs
Cerezo e Roberto
Carlos entregaram o ouro em Copas?
Entregaram sim.
Somos humanos e às vezes erramos. Acontece. A copa de 82 não me sai
da cabeça até hoje. A recuada do Cerezo é histórica. Eu era
garoto, achava que nunca mais seriamos campeões e lembro que chorei
muito com a eliminação do Brasil daquela Copa.
Porque o futebol
amador perdeu a graça?
Por vários motivos.
Porque encareceu fazer e bancar o time, porque não há hoje a mesma
disponibilidade de arrumar dirigentes que trabalhem tanto como era no
passado pelos times de bairro e porque os torcedores estão agora
ligados em outros atrativos. Hoje, o pessoal tem outras prioridades.
Mas aqui em Curitiba, o futebol amador é muito forte. Tem 12 times
na Primeira Divisão da Suburbana e mais de 40 na Segunda. E há aqui
uma rivalidade impressionante entre 2 times de descendentes de
italianos da Santa Felicidade, que são Trieste e Iguaçú. Os
clássicos lotam o estádio, tem muito jogador que jogou no
profissional atuando na Suburbana de Curitiba. É bonito de ver.
Gol que assistiu
que ficou marcado?
Alguns são
inesquecíveis pra mim. Roberto Dinamite, voltando do Barcelona para
o Vasco, fez 5 gols numa tarde de domingo na vitória por 5x2 contra
o Corinthians em 1982. Dinamite e Giovane me fizeram ser vascaíno.
Em 1984, decisão do Paulistão, Serginho Chulapa marcando o gol do
título para o Santos FC na vitória de 1x0 contra o Corinthians com
mais de 100 mil pessoas no Morumbi, bem no finzinho de jogo e fazendo
aquela comemoração toda maluca que ele fazia. Gols de Giovanni em
1995 pelo Santos FC e Robinho na decisão do Brasileiro de 2002 no
jogo das pedaladas contra o Corinthians, quando o Peixe ficou
campeão.
Faça um resumo
da trajetória do Planeta Esportes?
O jornal surgiu a
partir da ideia do jornalista André Silveira, quando foi lançado um
jornal 100% de esportes, que era o Lance! em São Paulo. A inspiração
foi essa. Ele me convidou para o projeto e ficamos sócios. Algum
tempo depois ele saiu para se deixar a outras atividades e assumi o
jornal. Tocamos ele 10 anos, de 1997 a 2007, com a ideia de dar uma
página para cada modalidade esportiva que havia em Brusque. Tinha
uma página só do basquete, uma só do vôlei, handebol, fustal,
futebol, karatê, ciclismo, atletismo, judô, bocha, bolão e assim
por diante. Acho que nunca alguns esportes na cidade foram tão
falados como nesse período. Fizemos uma diagramação inovadora,
criativa e ele fez seu papel no esporte da cidade. Tínhamos também
vários colunistas brusquenses nele dando sua opinião pessoal em
cada coluna. Depois mudou o nome para Planeta Notícias, para
abranger outros assuntos também. Mais tarde, vim para Curitiba,
trabalhar no ramo de turismo e ele parou de circular.
Referências: matéria publicada no blog luizgianesinientrevista.blogspot.com.br no dia 01 de março de 2019
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