terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Ronaldo Uller

Ronaldo Uller

Professor de Direito Administrativo no curso de Direito, advogado e assessor jurídico na UNIFEBE






O entrevistado desta semana é o Ronaldo Uller; filho de Vilmar Uller e de Alaíde Witkowsky Uller; nascido em Brusque aos 01 de agosto de 1972. divorciado.

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Nosso entrevistado o Professor de Direito Administrato e Assessor jurídico na Unifebe, Ronaldo Uller


O que sonhava quando criança?
R: Um dos sonhos era ser jogador de futebol, como muitos dos meninos da época. Lembro-me bem da Seleção Brasileira de Futebol da Copa da Espanha, de 1982. Era uma equipe de ouro com grandes jogadores (Éder, Júnior, Sócrates, Zico e tantos outros), um futebol arte. Isso inspirava a garotada. Porém, faltou sorte aquela equipe e ela acabou sendo eliminada pela Itália por 3 a 2. Foi muito triste, eu tinha apenas 10 anos. Mas isso passou como uma boa fase da vida. Fui mesmo é fazer Estudos Sociais na FEBE e depois o Curso de Direito em convênio com a Universidade Regional de Blumenau-FURB.

Quais pessoas influenciaram você?
R: Em primeiro lugar os meus pais. O meu pai faleceu muito cedo, quando eu tinha apenas 16 anos. Porém, deixou três marcas para mim: a seriedade, o trabalho e a disciplina. Mas a maior influência acabou sendo por parte de minha mãe, de forte formação cristã-católica, uma vez que é oriunda de família de descendentes de poloneses. E para os poloneses essa questão é fundamental desde a infância. É algo cultural e da formação desse povo. Você pode constatar isso pelo testemunho de vida do Papa João Paulo II, que era polonês. Aí você compreende melhor o que estou falando. Outra pessoa que me marcou profissionalmente foi o meu tio, Adolfo Witkowsky, a quem devo a primeira oportunidade de trabalho em seu escritório de contabilidade. Foi lá que dei os primeiros passos como profissional. Comecei como office boy.
Foi uma experiência muito gratificante. E, não poderia deixar de mencionar aqui os meus irmãos: Cíntia Uller e Murilo Uller. A Cíntia constituiu família e mora hoje em Florianópolis. E o meu irmão caçula, o Murilo, infelizmente, faleceu aos 14 anos em 1999. É uma saudade eterna.

Onde estudou? Qual formação possui?
R: Desde o jardim de infância, graças ao esforço dos meus pais, tive o privilégio de estudar em colégio particular. Estudei no jardim de infância das Irmãs da Divina Providência e no Colégio São Luiz até terminar o Ensino Médio. Depois fui fazer Estudos Sociais na FEBE e após o Curso de Direito pelo convênio com a Universidade Regional de Blumenau-FURB. Terminada a graduação fiz uma Especialização em Direito Processual Civil pela FURB e, após, o Mestrado em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí-UNIVALI.

Quais atividades gostava de participar na Escola?
R: Eu participava de tudo o que se podia. Mas a preferência, naturalmente, eram os torneios de futebol. Na época não tínhamos telefone celular, computador ou outras modernidades desse mundo atual. Penso que, em até certo ponto, isso proporcionava a nós até uma vida mais saudável. Convivíamos também com maior proximidade com a natureza, mesmo em casa. Caçar e pescar eram atividades prazerosas. Hoje se você perguntar para uma criança se ela já viu uma simples galinha, talvez ela diga que não ou, tenha visto apenas na televisão ou nos livros escolares. No Ensino Médio, no Colégio São Luiz, também ajudei com outros amigos a fundar o Clube de Astronomia de Brusque-CAB, que até hoje é a entidade responsável pela manutenção do Observatório Astronômico de Brusque sob a liderança do astrônomo e amigo Silvino de Souza.

Qual seu(sua) primeiro(a) professor(a)?
R: A minha primeira professora no Colégio foi a Sra. Maria Celina Coelho Gonçalves, na 1ª Série. Lembro-me que foi ela quem me alfabetizou. Era muito severa e exigente. Os alunos tremiam diante dela. Além disso, outra presença marcante para mim foi o Prof. Valentim Beber, em função das suas aulas de Geografia e da Profª Rita Zucco Sassi, com suas aulas de História. Essas matérias ou adorava e adoro até hoje. Além desses distintos professores e de tantos outros que guardo no coração, tivemos a presença sempre marcante do Prof. Pe. Orlando Maria Murphy, SCJ, que era Diretor do Colégio. Ele era uma autoridade incontestável não apenas no Colégio, mas em Brusque e na região. Os alunos tinham muito medo dele. Era aquele respeito, aquele temor reverencial que não se tem mais nos dias atuais. Outro colega professor com quem tenho amizade até hoje é o Prof. Pe. Nestor Adolfo Eckert, SCJ. Uma inteligência incrível. Foi meu professor desde os tempos de Colégio até na universidade.

Quais matérias mais gostava e quais mais detestava?
R: Eu gostava de escrever e redação era uma das coisas que eu me dava muito bem. Até cheguei a ganhar um prêmio das Lojas HM por uma redação pelo Dia das Mães em 1982, aos 10 anos. Fomos eu e a aluna Samantha Diegoli os melhores classificados do Colégio. Mas, em termos de disciplinas específicas, eu gostava mesmo era de Geografia e História. Esses estudos me ajudaram a conhecer o mundo de uma forma mais crítica. Foi aí também que eu comecei a gostar de participar de atividades políticas. Assim, eu me filiei ao PSDB em 1989, quando da campanha do candidato Mário Covas à Presidência da República. Contudo, eu detestava Matemática e Química. Para mim estudá-las era um sacrifício hercúleo. Todavia, hoje eu sei da importância delas no mundo atual.

Fato marcante?
O parto foi realizado pelo médico Dr. Germano Hoffmann, que faz aniversário também em 01 de agosto de 1972. Este ano nós dois nos encontramos em nosso aniversário. Eu estive na casa do Dr. Germano e comemoramos juntos os aniversários. Foi muito emocionante e marcante.

O que você apostou e não deu certo? R: Na Mega-Sena com certeza! E, além disso, pensei que o Aécio Neves seria o Presidente da República em 2015. Pensando bem, acredito que ele até teve sorte em não ser eleito. O governo atual está sem rumo.

O que aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia? R: A pergunta é um tanto complexa. Porém, penso que uma virtude que tento levar comigo é a da humildade. Sempre estamos “aprendendo” algo novo, seja com um colega, um amigo, com um aluno ou mesmo com um desconhecido que nos interpela. E esse exercício de abertura pessoal é fundamental para o crescimento profissional e mesmo para o crescimento como ser humano. Eu sempre desconfio da pessoa que “sabe tudo” ou que tem “certezas absolutas”.

O que faria se estivesse no início da carreira e não teve coragem de fazer? R: Essa é uma pergunta difícil. O melhor é pular para outra questão (risos). Contudo, penso que independentemente da decisão que tomasse, com coragem ou não, eu adotaria os mesmos princípios e valores que hoje carrego comigo. Mudaria talvez de direção, mas não de princípios. A esse respeito, quando posso eu também digo sempre para os alunos que felicidade não é fazer apenas aquilo que se gosta, mas, sobretudo, saber lidar com aquilo que você não gosta. E, além disso, digo a eles que se eles têm um sonho honesto e verdadeiro, que corram atrás dele e que teimem, teimem que dá certo!

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?
R: A maior alegria com certeza é a de viver e de poder compartilhar a vida com as pessoas vivendo com simplicidade. Viajar é também uma das alegrias que tive e tenho, de conhecer lugares e culturas diferentes. Isso nos abre o horizonte e a perspectiva de que somos todos irmãos. Apenas moramos em lugares diferentes, com culturas diferentes e com visões de mundo diferentes. E, por isso, somos todos humanos. As decepções não são tantas. Penso que as decepções que temos na vida nos ajudam a crescer como pessoa e a perceber que há sempre problemas a serem superados. Hoje uma das maiores decepções que tenho é com os gestores públicos. É muita corrupção. Praticamente você não confia em quase mais ninguém. É lamentável para um país belo como o nosso. Faltam honestidade e seriedade no trato com a coisa pública. Contudo, tenho referenciais de honradez de vida pública que marcaram minha vida: o ex-Prefeito José Celso Bonatelli, em Brusque e a nível nacional, o ex-governador Mário Covas, de São Paulo. Incluo aqui também o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que considero o último grande estadista do Brasil. Hoje eu diria ainda que o Senador Pedro Simon, do Rio Grande do Sul, tem um perfil muito próximo do que eu acredito. É um homem íntegro e tem um perfil de estadista.

Qual o maior desafio que já enfrentou?
R: A superação do falecimento do meu irmão Murilo. Foram momentos muito difíceis para mim e para toda a família. Sofremos muito. Mas diante disso, sempre me lembro de uma frase do Pe. Zezinho, SCJ, que me serve de inspiração, que diz assim: “A vida é uma questão. O amor é a resposta”. Então, a vida não acaba quando você morre. Ela acaba quando você deixa de amar.

Quais os melhores livros que leu? Qual está lendo agora? Costuma ler jornais?
R: Como professor você tem que ler de tudo um pouco e não apenas matéria da área jurídica. Quer enriquecer seu vocabulário? Leia, leia e leia. Eu gosto muito de livros de história, de biografias, dentre outros. Não saberia escolher um livro específico. E, assim, leio o livro que penso que possa me trazer algo de novo, de enriquecedor. Eu não gosto de ficção. Agora estou terminando de ler um livro do teólogo alemão Anselm Grün, com o título “Vida Pessoal e Profissional – Um Desafio Espiritual”. Sobre jornais, leio a Folha de São Paulo e o Estadão e gosto da leitura da Revista Veja. Além disso, eu também gosto muito de ir ao cinema.

Quais suas aspirações?
R: Tenho ainda muitas aspirações pessoais e profissionais. Porém, eu as guardo no coração. Obrigado pela entrevista amigo.

 Publicada no Em Foco aos 16.01.2015






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