Roque
Luis Dirschnabel
Assessoria Jurídica
O
entrevistado desta semana é Roque Luis Dirschnabel,
nascido aos 21 dias do mês de agosto de 1956. Tem 57 anos, é filho
de Envino Dirschnabel e Lony Gartner Dirschnabel. Com a esposa Miriam
tenho três filhas, Ingrid, graduada em Farmácia pela Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC e com aperfeiçoamento na Uni
Tübingen, Alemanha, Karoline, cursando Arquitetura e Urbanismo pela
FURB e Brigitte, que estuda no Colégio Cônsul Carlos Renaux.
Roque, com as filhas Brigitte, Ingrid, Karoline e com a esposa Miriam -Tüpingen- Alemanha
Para
quem você torce?
Eu
torço para o Brasil, apostando nas áreas da educação e saúde,
investindo mais no campo da pesquisa e tecnologia, tornando o país
mais competitivo a nível internacional, sem esquecer que sua
grandeza está na humildade, hospitalidade e alegria de seu povo.
Sonho
de criança?
Naquele
tempo, ouvia as histórias contadas pelas pessoas mais antigas, como
do meu avô, por exemplo, sobre as ficções de Julie Verne: que o
homem iria à lua através de naves espaciais, e assim por diante.
Também, lembro-me, que no início da década de 60, meu tio Tarcísio
Dirschnabel instalou a primeira televisão na pacata Guabiruba. Tais
fatos e acontecimentos despertavam minha curiosidade sobre novas
descobertas e invenções, além de me interessar cada vez mais pela
história de Guabiruba e região. Motivado pelas leituras de
experiências científicas, meu sonho era de realizar novas
descobertas. Ainda me entusiasma a pesquisa, mas neste momento, ela é
voltada para a história.
O que sente falta da infância?
A
cada época se vive os seus momentos. Tenho muitas boas lembranças
da minha infância, como subir os morros para apanhar tangerinas,
goiabas e outras frutas longe de casa. Mas como disse, cada momento
precisa ser vivido ao seu tempo. Não tem como hoje eu sentir falta
ou querer reviver aquele tempo, apesar de ter sido muito bom.
Como
foi sua infância e juventude?
Até
os 14 anos, acompanhávamos nossos pais onde quer que fossem. Aos
finais de semana, à tarde, meus pais visitavam o opa e a oma.
Algumas vezes eram recebidos por famílias do interior e clientes do
nosso comércio de secos e molhados e de loja de tecidos. Fora isso,
podíamos brincar com os amigos, depois de fazer os deveres de casa.
Normalmente jogávamos bola num campo perto de casa, ou a gente ia
tomar banho de rio, senão brincávamos de clica (bola de gude),
mila, além de caçar passarinhos e pescar.
Pessoas
que influenciaram?
Naturalmente
meus familiares, que me deixaram suas experiências ao longo dos anos
em que fui crescendo, pois exerceram um papel importante na vida
política, econômica e social de nossa comunidade.
Histórico escolar?
Iniciei
meus estudos aos sete anos no Grupo Escolar Professor João Boos.
Cursei o Ginásio Ministro Raul Schaefer e o "Científico"
no Colégio São Luiz, em Brusque. Sou graduado em Direito pela UFSC,
com habilitação específica em Direito do Trabalho e especializado
em Direito Administrativo.
Matérias
que mais gostava? As que detestava.
De
modo geral não tive dificuldades nos estudos. Sempre me interessei
pelas matérias mais práticas e que pudessem ser úteis no futuro.
Preferia mais a área prática à teórica.
Primeira
professora?
Minha
primeira professora foi a dona Erna Ristow- uma senhora muito boa, de fisionomia serena e respeitosa.
Também, é bom lembrar que na época a diretora da escola era a Irmã
Josette, conhecida por uma educação e disciplina exemplar.
Grandes
Professores?
Acredito
que tais referências são muito pessoais, mas posso destacar o Pe.
Orlando Maria Murpfy (Diretor do Colégio São Luiz), pessoa de
caráter e de um vasto conhecimento; Desembargador Francisco May
Filho, que me impressionou pelo seu conhecimento jurídico;
Desembargador Ivo Sell, Prof. de Direito Processual Civil, Juiz de
Direito em Brusque, que empossou meu avô Henrique Dirschnabel no
cargo de Prefeito de Guabiruba em 10 de junho de 1962; Professores
Ungaretti, Umberto Grillo, Bainha, Lauro Linhares, Bayer Neto entre
outros renomados professores.
Como
resumiria sua experiência no Sind. dos Emp. no Comércio de Brusque?
Como
advogado militante na área do Direito do Trabalho, atuar no
Sindicato foi uma realização profissional. Retribuo a confiança
depositada em mim, com muita dedicação nesses 25 anos de trabalho.
Fale
sobre sua atuação junto à Câmara de Vereadores de Guabiruba?
Iniciei
minha vida profissional sendo funcionário da Câmara Municipal de
Vereadores, e ao mesmo tempo assessor jurídico da Prefeitura de
Guabiruba. Isso a partir de janeiro de 1983. O mais curioso é que eu
era o único funcionário da Câmara e exercia ao mesmo tempo a
função de assessor jurídico da Prefeitura Municipal. Tinha a
função de conciliar o conflito de interesses entre os dois poderes.
Nem sempre foi fácil elaborar os projetos de lei pela Prefeitura e
justificar os seus termos perante os Vereadores ou vice versa. Mas,
na verdade sempre prevaleceu o profissionalismo na mediação do
conflito de interesses entre o Poder Executivo e Legislativo
Municipal. Atualmente, acumular funções públicas é vedado por
lei.
Em que período foi assessor Jurídico da Câmara de Vereadores ? Quem presidiu o Legislativo nesse período ? O que daria para destacar desse período ?
É
bom lembrar que nos meus tempos de acadêmico de direito, possuindo
um bom relacionamento com o Prefeito Municipal, João Baron
(1979/1982), normalmente ou frequentemente pegava carona com ele
para ir e voltar de Florianópolis, além de o
acompanhar nos pleitos do Município junto às Secretarias de
Governo do Estado. Em confiança, o Prefeito Guido Antônio
Kormann (1983/1988), através do Prefeito João
Baron, contratou-me para os cargos de Secretário Executivo
da Câmara Municipal e Assessor Jurídico da Prefeitura Municipal.
Como na época a Câmara Municipal ocupava uma das dependências da
Prefeitura Municipal, exercia simultaneamente as duas funções entre o
Executivo e Legislativo Municipal. Naquela época ocupou a
Presidência da Câmara Municipal o Senhor Henrique Ebel pelo mesmo
partido do Prefeito.
Grandes
nomes em Guabiruba ?
É
muito delicado falar em nomes. Sabemos que todos nós contribuímos
de uma forma ou outra com a construção de nossa comunidade. Se
tivesse que apontar nomes, diria reservadamente alguns, como os
primeiros professores, Frederico Nützel, Francisco Weitgenant, João
Boos, Carlos Scharf, Arthur Wippel, etc; Entre as lideranças
políticas destacamos Carlos Boos, sem tirar o mérito dos que lhe
sucederam. Na Igreja, inegável a influência do Padre Matias Engel,
que por 22 serviu à comunidade católica do município. Um grande
nome também é do Irmão Luiz (Gottfried Gartner de Nascimento),
recentemente homenageado no Seminário de Corupá/SC pelos relevantes
serviços prestados ao Seminário. Temos ainda outros nomes
importantes de Guabiruba na vida religiosa, como nas famílias
Kohler, Boos, Nuss, Huber e outros. Na indústria e comércio tivemos
grandes empreendedores como Arthur Wippel, Henrique Dirschnabel e
Friedl Schlindwein. Hoje não teríamos espaço o suficiente para
enumerar grandes empresários que sustentam a nossa economia.
Atuou
na área social de alguma forma?
Desde
muito jovem participei de diversas entidades sociais, inclusive como
sócio fundador e presidente. Atualmente sou sócio fundador e
secretário integrante da Diretoria da ACIC (Associação
Catarinense de Intercâmbio e Cultura), sócio fundador e
Presidente do Clube Esportivo 10 de Junho (período 2002/2004) e
sócio permanente da Heimatverein de
Karlsdorf-Neuthard/Alemanha, além de Conselheiro da Casa de Brusque.
Fale
um pouco de sua trajetória profissional e de sua história de vida?
Comecei
minha vida como qualquer outro cidadão. Como filho de comerciante e
político, ingressei na vida pública como advogado, fazendo parte da
vida social que o bom relacionamento com o povo me permitiu. Além de
assessor jurídico da Prefeitura Municipal de Guabiruba por várias
gestões, continuo prestando os serviços de Assessor
Legislativo na Câmara Municipal, mas já trabalhei como advogado com
o Doutor Euclides Visconti, com escritório na Av. Cônsul Carlos
Renaux, 91, centro, em Brusque, além de lecionar a disciplina de
Legislação e Direito por sete anos, a nível de segundo grau, no
Colégio Professor João Boos. Há mais de 25 anos atuo como assessor
jurídico do Sindicato dos Empregados do Comércio de Brusque - SEC e
há 31 anos na Câmara Municipal de Guabiruba. Administramos, eu e
minha esposa, os negócios da família, que é uma Farmácia, a Farma
– Plus e a Loja Dürr-Quelle, multimarcas.
A
OAB ao não respeitar a cobrança de no mínimo R$ 500.00 de anuidade
não está afrontando o princípio da legalidade, a qual está adstrita?
Penso
que deveria existir o valor de uma anuidade mais acessível para os
novos advogados que iniciam a carreira, e outra para os que já estão
estabelecidos há mais anos. Desta feita, estaríamos amenizando as
dificuldades que sentem os advogados mais novos ou recém-formados
para entrarem no mercado de trabalho. É claro que sabemos que o
campo do direito possui espectro muito grande no mercado de trabalho,
bem como, depende da capacidade de cada um e da qualificação
profissional. Mas apesar disso, é louvável que se dê melhores
condições de acesso aos jovens advogados diante da concorrência
profissional nesta área.
Algo
que você apostou e não deu certo?
Costumo
dizer para minha esposa, que em tudo que investi deu certo. Aquilo
que deixou de dar certo era pra não acontecer. Sempre tive bons
augúrios em matéria de negócios.
O
que faria se estivesse no início da carreira e não teve coragem de
fazer?
Nunca
me faltou coragem, mas na medida certa, sempre avaliando os riscos,
evidentemente com segurança ou com os pés no chão, como se diz
popularmente.
O
que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve,
no seu dia a dia?
Olha,
sempre tirei boas lições dos ensinamentos que tive, mas nada melhor
do que uma boa reflexão sobre tudo o que nos envolve antes e
depois, para encontrarmos o caminho certo. Aliás, tenho um provérbio
emoldurado nas dependências da casa e do sítio, que diz: "Quem
não conhece o seu objetivo não pode determinar o seu caminho" e
revelo que sempre peço ao Divino Espírito Santo para iluminar
os meus caminhos e esclarecer as minhas ideias para que eu alcance o
meu ideal.
Quais
as maiores decepções e alegrias que teve?
Não
tive grandes decepções que valham a pena lembrar, mas, por
outro lado, muitas alegrias, principalmente como o nascimento das
minhas três filhas, meninas saudáveis e inteligentes.
Qual
foi o maior desafio até agora?
Acredito
que foi a de prestar aos meus filhos uma educação de
qualidade, exemplar, respeitando os princípios éticos e familiares
cultivados pelas gerações que me antecederam, como a língua de
origem, as tradições e a cultura da nossa gente.
Você
se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez?
Provavelmente
sim, mas nada que mereça ser mencionado, até porque não tenho o
menor constrangimento de me arrepender quando estou errado. Perdoar é
uma virtude que nos deve fortalecer e não uma fraqueza propriamente
dita.
Sendo
neto de Henrique Dirschnabel - primeiro prefeito de Guabiruba - não
pensou em publicar matéria referente às realizações do avô?
Costumo
lembrar muito do meu avô, dos desafios que enfrentou na vida, do seu
caráter, destacando sobretudo sua honestidade na vida pública e
privada, como um empreendedor de visão, iniciando sua carreira como
marceneiro em oficina própria, profissão herdada de seu pai.
Depois, instalou a primeira oficina de xales de Guabiruba, seguido da
primeira fecularia e indústria têxtil, além de ser comerciante. Na
vida pública, foi escolhido pelas lideranças da comunidade para
exercer o cargo de prefeito do novo Município até as primeiras
eleições em 1962. Nossa família tem uma trajetória marcante na
vida pública e privada, além do meu avô, por exemplo, meu pai foi
o Vereador mais votado na primeira legislatura e até hoje,
proporcionalmente ao número de habitantes e eleitores, não foi
igualado ou ultrapassado.Na primeira eleição pelo PSD obteve 207
votos, tendo o Município apenas 1660 eleitores. Também a família
teve destaque na educação, entre professores e diretores de escolas
municipais.
Dos
artigos que escreveu, qual teve mais repercussão?
Contribuí
em alguns artigos com o escritor Saulo Adami, também escrevi alguns
históricos sobre o Município. Creio que o artigo de maior
repercussão foi sobre os 50 anos de Emancipação de Guabiruba, que
escrevi para a Revista Notícias de Vicente Só, a convite da
Sociedade Amigos de Brusque, conhecida por CASA de BRUSQUE.
Como
membro da Sociedade Amigos da Casa de Brusque, o que diria sob a
presidência do Dr. João José Leal ? Está no caminho certo ? O que
poderia ser feito ?
Participo
modestamente da SAB como Conselheiro da Revista Editorial.
Particularmente vejo que o Dr. Leal imprimiu uma nova dinâmica as
atividades da Casa de Brusque. Dentre as novidades, temos o Plano
Museológico, a revitalização do espaço físico da casa de
enxaimel para a promoção de exposições de artes visuais, a
digitalização do acervo fotográfico com o objetivo de
disponibilizar o acesso por meio da mídia eletrônica e o mesmo com
relação ao acervo de jornais antigos e demais documentos. O Dr.
João José Leal está envidando todos os seus esforços no sentido
de reestruturar a Casa de Brusque com novas perspectivas de atuação
no campo sócio-cultural e museológico, com a participação cada
vez maior da sociedade civil e entes de direito público. Os novos
projetos que estão sendo executados representam um grande avanço
para a preservação da memória e história de Brusque e região.
Qual
a mensagem final que você gostaria de deixar?
Não
estamos neste mundo por acaso. Temos que ter a consciência que o
futuro está em nossas mãos. É preciso apreender com o passado,
olhando para frente, sempre em busca de novos ideais. Não esmoreça
diante dos obstáculos; que sirvam de lição, para alcançar os seus
objetivos. O mundo está cheio de oportunidades, tudo pode ser
conquistado. Em qualquer situação, para ser alguém na vida é
preciso ter respeito e dignidade com o próximo. Se você perder a
honra, tudo está perdido.O importante é cada um viver a sua realidade, aprender a confiar em si mesmo para ser feliz.
Formatura de Roque na UFSC (Florianópolis), ao lado dos padrinhos: Prefeito João Baron e Vereador Afonso Carminatti
Inauguração do busto de Henrique Dirschnabel, na Praça
Posse do avô de Roque, Henrique Dirschnabel- terceiro da esquerda para a direita - 10.06.1962
Roque, a esposa e a equipe de trabalho da Farmácia, um dos negócios da família
Publicado no Jornal EM FOCO aos 01 de setembro de 2014
Publicado no Jornal EM FOCO aos 01 de setembro de 2014
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