sexta-feira, 11 de julho de 2014

Roque Luís Dirschnabel


 

Roque Luis Dirschnabel

Assessoria Jurídica

O entrevistado desta semana é Roque Luis Dirschnabel, nascido aos 21 dias do mês de agosto de 1956. Tem 57 anos, é filho de Envino Dirschnabel e Lony Gartner Dirschnabel. Com a esposa Miriam tenho três filhas, Ingrid, graduada em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e com aperfeiçoamento na Uni Tübingen, Alemanha, Karoline, cursando Arquitetura e Urbanismo pela FURB e Brigitte, que estuda no Colégio Cônsul Carlos Renaux.
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Roque, com as filhas Brigitte, Ingrid, Karoline e com a esposa Miriam -Tüpingen- Alemanha

Para quem você torce?
Eu torço para o Brasil, apostando nas áreas da educação e saúde, investindo mais no campo da pesquisa e tecnologia, tornando o país mais competitivo a nível internacional, sem esquecer que sua grandeza está na humildade, hospitalidade e alegria de seu povo.

Sonho de criança?
Naquele tempo, ouvia as histórias contadas pelas pessoas mais antigas, como do meu avô, por exemplo, sobre as ficções de Julie Verne: que o homem iria à lua através de naves espaciais, e assim por diante. Também, lembro-me, que no início da década de 60, meu tio Tarcísio Dirschnabel instalou a primeira televisão na pacata Guabiruba. Tais fatos e acontecimentos despertavam minha curiosidade sobre novas descobertas e invenções, além de me interessar cada vez mais pela história de Guabiruba e região. Motivado pelas leituras de experiências científicas, meu sonho era de realizar novas descobertas. Ainda me entusiasma a pesquisa, mas neste momento, ela é voltada para a história.

O que sente falta da infância?
A cada época se vive os seus momentos. Tenho muitas boas lembranças da minha infância, como subir os morros para apanhar tangerinas, goiabas e outras frutas longe de casa. Mas como disse, cada momento precisa ser vivido ao seu tempo. Não tem como hoje eu sentir falta ou querer reviver aquele tempo, apesar de ter sido muito bom.

Como foi sua infância e juventude?
Até os 14 anos, acompanhávamos nossos pais onde quer que fossem. Aos finais de semana, à tarde, meus pais visitavam o opa e a oma. Algumas vezes eram recebidos por famílias do interior e clientes do nosso comércio de secos e molhados e de loja de tecidos. Fora isso, podíamos brincar com os amigos, depois de fazer os deveres de casa. Normalmente jogávamos bola num campo perto de casa, ou a gente ia tomar banho de rio, senão brincávamos de clica (bola de gude), mila, além de caçar passarinhos e pescar.

Pessoas que influenciaram?
Naturalmente meus familiares, que me deixaram suas experiências ao longo dos anos em que fui crescendo, pois exerceram um papel importante na vida política, econômica e social de nossa comunidade.

Histórico escolar?
Iniciei meus estudos aos sete anos no Grupo Escolar Professor João Boos. Cursei o Ginásio Ministro Raul Schaefer e o "Científico" no Colégio São Luiz, em Brusque. Sou graduado em Direito pela UFSC, com habilitação específica em Direito do Trabalho e especializado em Direito Administrativo.

Matérias que mais gostava? As que detestava.
De modo geral não tive dificuldades nos estudos. Sempre me interessei pelas matérias mais práticas e que pudessem ser úteis no futuro. Preferia mais a área prática à teórica.

Primeira professora?
Minha primeira professora foi a dona Erna Ristow- uma senhora muito boa, de fisionomia serena e respeitosa. Também, é bom lembrar que na época a diretora da escola era a Irmã Josette, conhecida por uma educação e disciplina exemplar.

Grandes Professores?
Acredito que tais referências são muito pessoais, mas posso destacar o Pe. Orlando Maria Murpfy (Diretor do Colégio São Luiz), pessoa de caráter e de um vasto conhecimento; Desembargador Francisco May Filho, que me impressionou pelo seu conhecimento jurídico; Desembargador Ivo Sell, Prof. de Direito Processual Civil, Juiz de Direito em Brusque, que empossou meu avô Henrique Dirschnabel no cargo de Prefeito de Guabiruba em 10 de junho de 1962; Professores Ungaretti, Umberto Grillo, Bainha, Lauro Linhares, Bayer Neto entre outros renomados professores.

Como resumiria sua experiência no Sind. dos Emp. no Comércio de Brusque?
Como advogado militante na área do Direito do Trabalho, atuar no Sindicato foi uma realização profissional. Retribuo a confiança depositada em mim, com muita dedicação nesses 25 anos de trabalho.

Fale sobre sua atuação junto à Câmara de Vereadores de Guabiruba?
Iniciei minha vida profissional sendo funcionário da Câmara Municipal de Vereadores, e ao mesmo tempo assessor jurídico da Prefeitura de Guabiruba. Isso a partir de janeiro de 1983. O mais curioso é que eu era o único funcionário da Câmara e exercia ao mesmo tempo a função de assessor jurídico da Prefeitura Municipal. Tinha a função de conciliar o conflito de interesses entre os dois poderes. Nem sempre foi fácil elaborar os projetos de lei pela Prefeitura e justificar os seus termos perante os Vereadores ou vice versa. Mas, na verdade sempre prevaleceu o profissionalismo na mediação do conflito de interesses entre o Poder Executivo e Legislativo Municipal. Atualmente, acumular funções públicas é vedado por lei.

Em que período foi assessor Jurídico da Câmara de Vereadores ? Quem presidiu o Legislativo nesse período ? O que daria para destacar desse período ?
É bom lembrar que nos meus tempos de acadêmico de direito, possuindo um bom relacionamento com o Prefeito Municipal, João Baron (1979/1982), normalmente ou frequentemente pegava carona com ele para ir e voltar de Florianópolis, além de o acompanhar nos pleitos do Município junto às Secretarias de Governo do Estado. Em confiança, o Prefeito Guido Antônio Kormann (1983/1988), através do Prefeito João Baron, contratou-me para os cargos de Secretário Executivo da Câmara Municipal e Assessor Jurídico da Prefeitura Municipal. Como na época a Câmara Municipal ocupava uma das dependências da Prefeitura Municipal, exercia simultaneamente as duas funções entre o Executivo e Legislativo Municipal. Naquela época ocupou a Presidência da Câmara Municipal o Senhor Henrique Ebel pelo mesmo partido do Prefeito.

Grandes nomes em Guabiruba ?
É muito delicado falar em nomes. Sabemos que todos nós contribuímos de uma forma ou outra com a construção de nossa comunidade. Se tivesse que apontar nomes, diria reservadamente alguns, como os primeiros professores, Frederico Nützel, Francisco Weitgenant, João Boos, Carlos Scharf, Arthur Wippel, etc; Entre as lideranças políticas destacamos Carlos Boos, sem tirar o mérito dos que lhe sucederam. Na Igreja, inegável a influência do Padre Matias Engel, que por 22 serviu à comunidade católica do município. Um grande nome também é do Irmão Luiz (Gottfried Gartner de Nascimento), recentemente homenageado no Seminário de Corupá/SC pelos relevantes serviços prestados ao Seminário. Temos ainda outros nomes importantes de Guabiruba na vida religiosa, como nas famílias Kohler, Boos, Nuss, Huber e outros. Na indústria e comércio tivemos grandes empreendedores como Arthur Wippel, Henrique Dirschnabel e Friedl Schlindwein. Hoje não teríamos espaço o suficiente para enumerar grandes empresários que sustentam a nossa economia.

Atuou na área social de alguma forma?
Desde muito jovem participei de diversas entidades sociais, inclusive como sócio fundador e presidente. Atualmente sou sócio fundador e secretário integrante da Diretoria  da ACIC (Associação Catarinense de Intercâmbio e Cultura), sócio fundador e Presidente do Clube Esportivo 10 de Junho (período 2002/2004) e sócio permanente da Heimatverein de Karlsdorf-Neuthard/Alemanha, além de Conselheiro da Casa de Brusque.

Fale um pouco de sua trajetória profissional e de sua história de vida?
Comecei minha vida como qualquer outro cidadão. Como filho de comerciante e político, ingressei na vida pública como advogado, fazendo parte da vida social que o bom relacionamento com o povo me permitiu. Além de assessor jurídico da Prefeitura Municipal de Guabiruba por várias gestões, continuo prestando os serviços de Assessor Legislativo na Câmara Municipal, mas já trabalhei como advogado com o Doutor Euclides Visconti, com escritório na Av. Cônsul Carlos Renaux, 91, centro, em Brusque, além de lecionar a disciplina de Legislação e Direito por sete anos, a nível de segundo grau, no Colégio Professor João Boos. Há mais de 25 anos atuo como assessor jurídico do Sindicato dos Empregados do Comércio de Brusque - SEC e há 31 anos na Câmara Municipal de Guabiruba. Administramos, eu e minha esposa, os negócios da família, que é uma Farmácia, a Farma – Plus e a Loja Dürr-Quelle, multimarcas.

A OAB ao não respeitar a cobrança de no mínimo R$ 500.00 de anuidade não está afrontando o princípio da legalidade, a qual está adstrita?
Penso que deveria existir o valor de uma anuidade mais acessível para os novos advogados que iniciam a carreira, e outra para os que já estão estabelecidos há mais anos. Desta feita, estaríamos amenizando as dificuldades que sentem os advogados mais novos ou recém-formados para entrarem no mercado de trabalho. É claro que sabemos que o campo do direito possui espectro muito grande no mercado de trabalho, bem como, depende da capacidade de cada um e da qualificação profissional. Mas apesar disso, é louvável que se dê melhores condições de acesso aos jovens advogados diante da concorrência profissional nesta área.

Algo que você apostou e não deu certo?
Costumo dizer para minha esposa, que em tudo que investi deu certo. Aquilo que deixou de dar certo era pra não acontecer. Sempre tive bons augúrios em matéria de negócios.

O que faria se estivesse no início da carreira e não teve coragem de fazer?
Nunca me faltou coragem, mas na medida certa, sempre avaliando os riscos, evidentemente com segurança ou com os pés no chão, como se diz popularmente.

O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve, no seu dia a dia?
Olha, sempre tirei boas lições dos ensinamentos que tive, mas nada melhor do que uma boa reflexão sobre tudo o que nos envolve antes e depois, para encontrarmos o caminho certo. Aliás, tenho um provérbio emoldurado nas dependências da casa e do sítio, que diz: "Quem não conhece o seu objetivo não pode determinar o seu caminho" e revelo que sempre peço ao Divino Espírito Santo para iluminar os meus caminhos e esclarecer as minhas ideias para que eu alcance o meu ideal.

Quais as maiores decepções e alegrias que teve?
Não tive grandes decepções que valham a pena lembrar, mas, por outro lado, muitas alegrias, principalmente como o nascimento das minhas três filhas, meninas saudáveis e inteligentes.

Qual foi o maior desafio até agora?
Acredito que foi a de prestar aos meus filhos uma educação de qualidade, exemplar, respeitando os princípios éticos e familiares cultivados pelas gerações que me antecederam, como a língua de origem, as tradições e a cultura da nossa gente.  

Você se arrependeu de alguma coisa que disse ou que fez?
Provavelmente sim, mas nada que mereça ser mencionado, até porque não tenho o menor constrangimento de me arrepender quando estou errado. Perdoar é uma virtude que nos deve fortalecer e não uma fraqueza propriamente dita.

Sendo neto de Henrique Dirschnabel - primeiro prefeito de Guabiruba - não pensou em publicar matéria referente às realizações do avô?
Costumo lembrar muito do meu avô, dos desafios que enfrentou na vida, do seu caráter, destacando sobretudo sua honestidade na vida pública e privada, como um empreendedor de visão, iniciando sua carreira como marceneiro em oficina própria, profissão herdada de seu pai. Depois, instalou a primeira oficina de xales de Guabiruba, seguido da primeira fecularia e indústria têxtil, além de ser comerciante. Na vida pública, foi escolhido pelas lideranças da comunidade para exercer o cargo de prefeito do novo Município até as primeiras eleições em 1962. Nossa família tem uma trajetória marcante na vida pública e privada, além do meu avô, por exemplo, meu pai foi o Vereador mais votado na primeira legislatura e até hoje, proporcionalmente ao número de habitantes e eleitores, não foi igualado ou ultrapassado.Na primeira eleição pelo PSD obteve 207 votos, tendo o Município apenas 1660 eleitores. Também a família teve destaque na educação, entre professores e diretores de escolas municipais.

Dos artigos que escreveu, qual teve mais repercussão?
Contribuí em alguns artigos com o escritor Saulo Adami, também escrevi alguns históricos sobre o Município. Creio que o artigo de maior repercussão foi sobre os 50 anos de Emancipação de Guabiruba, que escrevi para a Revista Notícias de Vicente Só, a convite da Sociedade Amigos de Brusque, conhecida por CASA de BRUSQUE.

Como membro da Sociedade Amigos da Casa de Brusque, o que diria sob a presidência do Dr. João José Leal ? Está no caminho certo ? O que poderia ser feito ?
Participo modestamente da SAB como Conselheiro da Revista Editorial. Particularmente vejo que o Dr. Leal imprimiu uma nova dinâmica as atividades da Casa de Brusque. Dentre as novidades, temos o Plano Museológico, a revitalização do espaço físico da casa de enxaimel para a promoção de exposições de artes visuais, a digitalização do acervo fotográfico com o objetivo de disponibilizar o acesso por meio da mídia eletrônica e o mesmo com relação ao acervo de jornais antigos e demais documentos. O Dr. João José Leal está envidando todos os seus esforços no sentido de reestruturar a Casa de Brusque com novas perspectivas de atuação no campo sócio-cultural e museológico, com a participação cada vez maior da sociedade civil e entes de direito público. Os novos projetos que estão sendo executados representam um grande avanço para a preservação da memória e história de Brusque e região.

Qual a mensagem final que você gostaria de deixar?
Não estamos neste mundo por acaso. Temos que ter a consciência que o futuro está em nossas mãos. É preciso apreender com o passado, olhando para frente, sempre em busca de novos ideais. Não esmoreça diante dos obstáculos; que sirvam de lição, para alcançar os seus objetivos. O mundo está cheio de oportunidades, tudo pode ser conquistado. Em qualquer situação, para ser alguém na vida é preciso ter respeito e dignidade com o próximo. Se você perder a honra, tudo está perdido.O importante é cada um viver a sua realidade, aprender a confiar em si mesmo para ser feliz.

Exibindo formatura de Roque na Faculdade de Direito na UFSC em Florianópolis ao lados padrinhos prefeito João Baron, e vereador Afonso Carminatti.jpg


Formatura de Roque na UFSC (Florianópolis), ao lado dos padrinhos: Prefeito  João Baron e Vereador Afonso Carminatti


Exibindo inauguração do busto do prefeito Henrique Dirschnabel na Praça Theodoro Debatin em 10_06_12.jpg

Inauguração do busto de Henrique Dirschnabel, na Praça


Exibindo posse do avô de Roque, Henrique Dirschabel(terceiro da esquerda para a direita), em 10 de junho de 1962.jpg
Posse do avô de Roque, Henrique Dirschnabel- terceiro da esquerda para a direita  - 10.06.1962


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Roque, a esposa e a equipe de trabalho da Farmácia, um dos negócios da família


Publicado no Jornal EM FOCO aos 01 de setembro de 2014

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