quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Conversando com meu pai

 Evaldo Gianesini  Luiz Gianesini


CONVERSANDO COM MEU PAI - EVALDO GIANESINI -  no alto de seu 76 anos:

Filho de Maximino Gianesini e Maria Cestari, natural de Botuverá, antes Brusque, nascido aos 30.05.26, foi casado com Ida Maria Boni, falecida aos 31.10.86. Sete filhos: Luiz, José Carlos, Lourdete, Maria Guilhermina, Paulo, Valdir e Sílvio; dezessete netos: Anadir, Ana Márcia, Alexandre Luis, David, Vanessa, Dayana, Cesar Tiago, Valdir Júnior, Elaine, Sidnei, Evandro Paulo Roberto (in memoriam), Michelle, Gisele, Débora, Felipe e Gabriel; e dois bisnetos: Joan e Bryan.

Se todos os pais fosse como o meu pai foi – e não tivesse essa coisa de só começar a trabalhar aos 16 anos - - não teríamos tantos problemas como estamos presenciando com a infância e juventude. O paizão cobrava efetivamente trabalho e comportamento ... e na base da cinta. Por que mudar o que deu certo? Seguramente estamos pagando o preço da inovação. (já tem uma conta em aberto por conta das feministas que desarrumara a casa... quem irá arrumar?

Como era a vida escolar naquela época?

Frequentei os bancos escolares por uns três meses. O professor era Domingos Moresco e nós éramos lavradores. O Domingos fez de tudo para que eu fosse estudar. Depois de muita insistência , com aproximadamente, 13 anos fui à escola. Eu tinha facilidade na aprendizagem, tanto que a turma me procurava para ajudar resolver os problemas – e tinha um entre as colegas de aula que eu gostava, que acabou sendo esposa do professor – mas o professor me ameaçou por duas vezes, para não ensinar que o professor era ele, só que eu não negava ensinar; na terceira vez que pegou ensinando, não deu outra: fui expulso.
O que lembra de Antônio Gianesini, (o seu avô e o bisavô se chamavam Antônio)?

O avô Antônio foi casado com Tereza Bianchez, foi nomeado intendente de Porto Franco, pelo Cônsul Carlos Renaux, veio da Itália com 6 anos de idade, e quando eu tinha seis anos – em 1934, ele veio a falecer. Ele ficou uns vinte dias só bebendo água e colocando de volta. Buscamos médicos em Brusque, todavia não adiantou. Sempre brincalhão nesse período ele brincava “ a falce”, ainda não passou.
“Falce”?

É aquela foice de mão. A morte era comparada a uma passada de foice.
Lembra de seu bisavô?
Só sei que veio da Itália, foi casado com Bárbara e também tinha o nome de Antônio.

Como vocês viviam?

Nós tínhamos engenho de farinha, cachaça e tafona (fubá), e trabalhávamos na agricultura e uns gados para o gasto do dia a dia.
Em que localização ficava as terras que vocês viviam em Botuverá?
Bem, antigamente a estrada para Botuverá é aquela antiga estrada de Águas Negras e nós vivíamos no lado de cá do rio, ou seja, no lado da Rodovia Brusque/Botuverá, a Pedro Merízio hoje, mais ou menos... deixa eu ver... nas proximidades do Estádio Bépi Gianesini. Você sabe que naquela época Botuverá, ainda, não era nem um Distrito, então não tinha quase nada do que você encontra hoje.

Por quê saíram de Botuverá e foram para o Oliveira?

Eu tinha sete anos e as terras que cultivávamos já era pouca para três famílias: a família de meu pai e as dos seus irmãos: Tomaz e Alexandre; então resolvemos que o tio Tomaz adquiria as terras e nós fomos para o Oliveira, em Tijucas.
Mas por quê Oliveira?
É que diziam que a terra lá era boa, e olha que era mesmo: feijão, milho, batata-doce, aipim, tudo de primeira e em quantidade.

Como resolveram sair de Oliveira?
Tínhamos duas vacas leiteiras, três novilhas, sendo que duas estavam bem próximas de criar e uma coberta por pouco tempo – uma junta de bois e uma parelha de cavalos. Um certo dia à noite tratei e pela manhã a grande decepção... só estavam vivendo a parelha de cavalos... o restante tudo morto. Isso aconteceu em todo o Oliveira... olha foi a maior tristeza que já vi, meu pai... vivia triste, desanimado, até que um belo dia culminou com sua vinda para Brusque, juntamente com a mãe e, eu permaneci lá até colher as plantações, por mais um ano e oito meses. Quando o trabalho estava pronto, lá vim também para Brusque, com 480 contos, entreguei ao pai e ele me deu 40 contos. Peguei a roupa e fui para Rodeio. Nessa época eu estava com 19 anos.

Algum motivo para ir para Rodeio?
Tinha um irmão da minha mãe que lá residia, chegando em Rodeio, o Cestari apresentou a um fazendeiro e ele disse: ” se eu soubesse que ele era trabalhador empregaria já”. Fomos noutro lavrador que deu serviço na hora.

Teve algum fato marcante nessa passagem?
Depois de uns oito dias o lavrador que me empregara mandou eu na venda daquele fazendeiro, chegando lá o homem fez de tudo... até ofereceu pagar o dobro do que ganhava para trabalhar com ele... não aceitei devido o que tinha dito quando o procuramos.

Como foi a vinda para Brusque?
Depois de um mês e meio recebi uma carta dizendo que minha mãe não passava bem, retornei permanecendo aqui; trabalhei um ano e pouco na lenha e uns dois anos em plantação de aipim com meu pai e com o irmão Valentim, logo em seguida, o Valentim foi trabalhar na segurança nas empresas Renaux e conseguiu uma vaga para mim.

Finalizando, o Paulino M. Coelho, popular Paulico Coelho também era de lá?
Sim, conversava com o Paulico, inclusive, frequentemente, também com o pai dele.
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Referências

  • Matéria publicada em A VOZ DE Brusque, em 20 de julho de 2002.

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