EDER
CLAUDIO CELVA
Padre e escritor, nascido em Guabiruba aos 25 de dezembro de 1987; filho de Amarildo e Ilma Celva. Teve
sua Ordenação como diácono na Paróquia de São Sebastião em Tijucas. Ordenação
como padre em 24 de outubro de 2015 na Igreja São Cristóvão de Aymoré - Guabiruba - SC.. Autor de 4 livros: Imigração Italiana em
Guabiruba; História da Igreja Católica
em Guabiruba; Monsenhor Augusto Zucco - Centenário de Nascimento e Pensares
Cotidianos e tem mais no prelo: Cultura e Religiosidade de um Povo.
Como
foi o início, notadamente sua infância e juventude?
Vivi meus anos brincando, estudando e
ajudando em casa e nos afazeres variados. Meus avós - que vivem todos - me marcaram muito
positivamente e foram presenças constantes e amorosas. Um grande presente que
meus pais me deram - sem mesmo terem consciência disso -, foi a liberdade.
Mesmo sendo de família estruturadamente tradicional, pude crescer e me
desenvolver como um “passarinho”. Isto me forjou a responsabilidade e a me
sentir livre e, de certo modo realizado. Como católico, participei das comunidades
Imaculada Conceição e Matriz. Fui coroinha, sacristão, ministro da distribuição
da comunhão e das exéquias.
Algumas
iniciativas que teve em sua jornada?
Sempre fui interessado preservador das coisas
que dizem respeito ao meu povo, seja escrevendo livros, arquivando materiais,
salvando outros tantos da destruição, até que como seminarista fundei um museu
na minha comunidade e doei grande parte
de todo meu acervo.
Como e
quando surgiu a religiosidade em sua trajetória?
Na
minha vida não houve um momento, uma pessoa, um lugar; o que houve foi um lento
caminhar inserido em minha comunidade de origem. Tudo, até mesmo minhas
fraquezas e contradições, foram preparando-me, para o chamado de Jesus.
Vivenciei a fé sob o impulso amoroso da Graça de Deus, mesmo sem ter muita
consciência de tão magno carinho da parte de Deus para comigo. Eu estava
orientado ao casamento, como todo bom rapaz, pensava em me casar, construir
minha casa, cuidar da família e seguir ajudando minha comunidade, pois desde
criança, participava de muitas formas e era coroinha. Só que Deus tem seus
caminhos... Dentro de mim havia - e há - um clamor incessante, que me
incomodava e pedia que me aproximasse do Crucificado para divulgar seu plano de
Amor. Com alegria fui ouvindo, vendo, sentindo nos eventos que cercam nossa
existência o que Deus queria de mim; encorajado ingressei no Seminário. O
chamado ao serviço presbiteral é sempre um mistério que se revela parcialmente
à medida que nos deixamos modelar pela sabedoria salvífica do Evangelho sempre
a nos provocar.
Histórico
escolar?
Fiz
minha formação inicial em minha cidade – Guabiruba – na escola professor Arthur
Wippel e Colégio Estadual Prof. João Boos. Depois do ensino médio, comecei a
faculdade de filosofia em Brusque. Lá convivi com muitos seminaristas, travei
amizades, e continuei a filosofia morando no Seminário Arquidiocesano Nossa
Senhora de Lourdes em Azambuja – Brusque. Residi um ano (2010) em estágio
integral na paróquia Senhor Bom Jesus de Monte Alegre- Camboriú, e fui fazer
minha teologia por quatro anos no Itesc, em Florianópolis. Durante todos os
anos de formação, todos os finais de semana estava em alguma comunidade de
paroquias para estagiar. Brusque, Camboriú, São José, Pastoral Vocacional
Arquidiocesana, Florianópolis e, no início deste ano, antes de minha ordenação
diaconal, na paróquia de Tijucas.
Como surgiu a oportunidade de trabalhar na
paróquia de Tijucas?
Como é
praxe em nossa arquidiocese, terminados os estudos teológicos, com o parecer
positivos dos formadores, o arcebispo tendo em vista a necessidade das
paroquias, nos designa para residir e colaborar em alguma delas; para mim,
indicou a paróquia de Tijucas. No início deste ano cheguei como seminarista
colaborador em Tijucas e me preparar para minhas ordenações, diaconal e
presbiteral.
Ao ser ordenado Padre pode considerar-se
pronto?
Não
o suficiente. A missão é grande e exigente, portanto dificilmente se está além.
A formação começa no berço, ou mesmo antes dele. O seminarista e o padre não
caem do céu, não nascem na casa religiosa, são jovens e pessoas com as marcas e
traço de seu tempo. Quem tem uma vocação verdadeira, caprichando no trato
relacional, tendo diante dos olhos as páginas sagradas do Evangelho a nos
relevar Jesus, e sentindo com o mundo e realidade atual, será consequentemente
um padre magnânimo.
Para ser um padre?
O
seminarista é um enamorado da vida sacerdotal, que possivelmente pode abraçar
com decisão quando chegar a hora. Primeiramente não nos formamos padres, mas
grandes homens. Na ordenação diaconal, já tomamos esta decisão, aceita
oficialmente pela Igreja, - diferente dos diáconos permanentes, que são casados
- é caminho direto para a ordenação de padre. O diaconato é o primeiro grau do
sacramento da Ordem. Para ser padre é preciso vocação, trilhar os caminhos de
formação propostos pela Igreja, ser aceito e ordenado pelo bispo. Mas gostaria
de dizer umas coisas muito concordes com o tempo da Igreja atual, sob o
pontificado do Papa Francisco. O padre deve ser um descentrado de si, pois sabe
que o centro é sempre Cristo e o caminho para Ele é a Igreja. Devemos ter o
pensamento incompleto, aberto, dialogal, e nunca perder de vista o humano, não
tendo jamais medode lançar-nos nas realidades do mundo, por mais estranhas que
pareçam.
Muitas congratulações?
É
claro. As pessoas se congratulam e se sentem felizes, porque sabem que no mundo
atual a figura de um homem-sacerdote é essencial. O padre é chamado a ouvir,
curar, abençoar, absolver, consagrar, tocar, encorajar, direcionar,
administrar, estimular no bem, na verdade, e no Amor que brota dos insondáveis
mistérios Eternos. Quem não precisa de tamanhas benesses? Que encanto é poder
achegar-se a uma pessoa, principalmente as feridas de nosso tempo e fazer o
anúncio: Jesus pensou em ti antes de teres consciência, te ama infinitamente
que não podes medir o quanto, salvou-te sem fazeres o mínimo de força e agora
te quer no céu, para sempre, em plenitude. Penso que é confortante ver que
aquele menino de outrora, o adolescente operário, o jovem seminarista - um
entre outros - agora será ordenado presbítero.
A culpa foi de Deus?
A
gratidão amorosa ao Pai Celestial por todas as maravilhas que fez em minha
vida. Só posso agradecer, e por mais longa que seja minha vida nunca darei
graças o suficiente. Costumo brincar que serei padre por culpa Dele (Deus), foi
Ele que quis, que chamou..., eu apenas disse sim e deixei que por tantos
caminhos tudo fosse levado a bom termo. Deus - por mediações - que escolheu e sustentou com Mão Poderosa e
Providente minha vocação.
Finalizando, um abraço fraternal?
A
Dom Wilson, agradeço pela amizade e confiança. Aos padres presentes e ausentes,
reitores e formadores, professores, supervisores de pastoral e suas
comunidades, colaboradores, seminaristas, diáconos, religiosos e religiosas,
lideranças, e todos os que me fortaleceram com suas orações. Sou grato também
aos benfeitores-padrinhos, Ernesto e Valmor, sempre generosos e amistosos.E não
posso deixar de agradecer ao povo da paróquia de Tijucas, que me acolheu com
calor fraterno; o seu pároco, padre Elizandro, além de amigo, um pai, um irmão.
Agora que agradeci, quero em verso pedir: “Ó
Mãe do Perpétuo Socorro, meu amor, toda a minha esperança! A teus pés vim
pedir-te uma graça, é a graça da perseverança!” A todos, minha gratidão
imorredoura, minha bênção sacerdotal!
Referências: Publicado no blog luizgianesinientrevista.blogsport.com.br aos 25 de junho de 2016
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