segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Saulo Adami - O tempo é meu aliado!

SAULO ADAMI

O tempo é meu aliado!”


O entrevistado desta semana é o escritor SAULO ADAMI. Nascido Luiz Saulo Adami em Brusque, em 21 de fevereiro de 1965, ele é filho dos comerciantes Teresa Conte e Luís Avaní Adami, moradores do Arraial dos Cunhas, município de Itajaí, e irmão de Karina Adami, formada em Direito. Casado com a psicóloga Jeanine Wandratsch Adami, ele é um dos nomes mais conhecidos da literatura de Santa Catarina. Saulo Adami é autor de 65 livros de poesia, conto, crônica, novela, romance, história, cinema... Em sua obra mais recente, o livro de poemas “Relicário” (DOM, 2012), ele divide espaços com o também poeta e amigo de longa data, o brusquense Edson Luiz Maurici ou Luigi Maurizi. Atualmente, Adami divide seu tempo entre Paraná e Santa Catarina. Continua escrevendo e editando livros sob encomenda, prestando consultoria a outros autores interessados em publicar suas obras. Nesta entrevista exclusiva, Adami fala de suas atividades desde o lançamento do romance “Kuranda do Egito” (DOM, 2012), e de alguns de seus projetos que estão em andamento, como a biografia do médico e político José Celso Bonatelli, e um novo documentário para a produtora brusquense Prime Filmes, resgatando a memória histórico-cultural do Vale do Itajaí.

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Saulo Adami palestrou para estudantes e deu autógrafos na Feira de Livros do Colégio Fayal (FLIF, 2013). Crédito da fotografia: Jeanine Wandratsch Adami.


Em abril de 2012, você lançou o livro “Doutor Nica” em parceria com sua mulher, Jeanine Wandratsch Adami. Há outros livros em parceria programados para breve?
“Doutor Nica” foi um dos momentos mais gratificantes da minha carreira. Jeanine e eu nos sentimos honrados pelo privilégio de contar a trajetória de vida de João Antônio Schaefer. Eu gosto de trabalhar em parceria, e tive vários co-autores ao longo destes 39 anos dedicados à produção de livros. Hoje, estou desenvolvendo outras obras em parceria, mas a maior parte delas está em sua fase inicial de pesquisas. Ao mesmo tempo, tenho algumas obras aguardando apenas a liberação para seu envio à produção gráfica: “Com a Bola Toda: 100 Anos do Clube Atlético Carlos Renaux”, escrito com Giselle Zambiazzi, é uma delas.

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Dr Nica

Assim como “Kuranda”, “Kuranda do Norte” e “Kuranda do Espaço”, o romance “Kuranda do Egito” não é conclusivo quanto aos destinos do personagem. Há planos para escrever uma continuação para esta história?
Quando se trata de ficção, é a inspiração quem diz se haverá ou não continuidade. Há histórias que rendem vários livros... Há histórias que não evoluem mais do que uma dúzia de páginas, por mais apaixonante que nos pareça, quando chega a inspiração... Kuranda é um personagem presente na minha história desde 2008, quando se manifestou pela primeira vez. Naquele ano, escrevi seu original sem pensar em qualquer possibilidade de dar continuação à sua história. Os quatro livros com o personagem Kuranda foram lançados entre 2010 e 2012. Aprendi a nunca dizer não a este personagem: quando a inspiração se manifesta, estou sempre pronto para atender ao seu chamado. Tanto é verdade, que estou trabalhando em algumas anotações que tenho feito, desde 2012. A continuidade ainda não tem um título, mas já deu seus primeiros sinais de vida. Vou aguardar e confiar na inspiração.

Quais os outros livros que você produziu e lançou desde o final de 2012?
Do final de 2012 até final de 2013, lancei: “Nas Mãos de Deus: A Verdadeira História de Lilli Zwetsch Steffens” (DOM, 2012), 9ª. edição; contos e histórias em quadrinhos “Perdidos no Planeta dos Macacos (Clube de Autores, 2013), com Angelo Júnior;Sintricomb – História em construção (DOM, 2013);Relicário (Nova Letra, 2013), com Luigi Maurizi. Como editor, lancei: “Casa Brasileira (DOM, 2013), de Jorge de Souza, e “Os Pés da Libertação (DOM, 2013), de Lilli Steffens e Luigi Maurizi. Outros aguardam oportunidade, como “O pensamento vivo de Frei Odorico”, com Gervásio Tessaleno Luz.

O que representou para você lançar um livro em parceria com o poeta brusquense Edson Luiz Maurici, o Luigi Maurizi?
Nós nos conhecemos há mais de 30 anos. Somos autores de – somando obras de cada um – mais de 80 livros lançados entre 1981 e 2013. Pela primeira vez juntos em “Relicário”, cada autor tem seu próprio livro dentro da obra: “Incontinente”, de Luigi Maurizi, é uma coletânea dos poemas escritos depois de “Comod’Antes” (DOM, 2012); e “Correnteza” é uma coletânea de poemas que escrevi entre 1980 e 2013, publicados em outros livros, com estrutura revista e ortografia atualizada. Posso dizer que o livro “Relicário” é resultado da nossa inspiração e das nossas vivências, “a poesia da vida inteira que o cotidiano e as paixões inspiraram”, como se lê na quarta capa da obra.
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Relicário

Você ainda tem tantos originais nas gavetas quanto tinha no início da sua carreira?
O fato de escrever todos os dias – o tempo e a prática diária da escrita dão as ferramentas das quais preciso para fazer o que preciso fazer da melhor forma possível – facilita meu trabalho. Sim, ainda há muitos originais a publicar, estou organizando coletâneas de poesia, conto, crônica, romance e peças teatrais que, acredito, mereçam uma primeira ou uma nova edição, com todas as revisões, atualizações e releituras que se façam necessárias. Embora eu não possa reclamar da demanda, pois sempre tenho convites para escrever livros por encomenda, não disponho de recursos para publicar todas as obras que gostaria. Porque a empresa editora Luiz Saulo Adami que criei em 2003, não tinha como principal objetivo arrecadar recursos com a venda de livros. Sua principal meta era a criação e viabilização de projetos editoriais. Tais projetos incluíam atividades como: pesquisa, entrevistas, redação e preparação dos originais de um livro para produção gráfica. Meus primeiros clientes foram prefeituras de municípios que não tinham uma obra sobre a história de sua comunidade; ou, quando a tinham, tal obra estava desatualizada, requerendo uma nova contribuição à memória da comunidade. Tanto que em 2003 e 2004 foram escritos e lançados seis livros, os primeiros com meu selo editorial: obras sobre municípios de Itajaí, Massaranduba, Agrolândia, Imbuia, Rio do Oeste e Vidal Ramos.

Não faz muito tempo, seu nome estava ligado à produção teatral. Você ainda escreve textos para teatro?
De 1975 até 1996, atuei com mais intensidade no setor de teatro. Foram mais de 30 peças montadas como autor, diretor, ator e produtor... Mas, de todas as áreas nas quais trabalhei, a teatral é uma das mais exigentes. Embora não tenha mais participado diretamente na produção – a última experiência foi como ator no monólogo “Paredes de Lona Sem Brilho: A Empreitada” (1996), apresentada no Concurso Nacional de Monólogos Atriz Ana Maria Rego, em Teresina, Piauí –, escrevi outros textos, todos inéditos. De vez em quando, ensaio algumas anotações para novas peças... Em 2013, cuidei da dramaturgia no texto original da atriz Sandra Baron, “Feminin[a]”, que teve estreia em Chapecó, Santa Catarina. Como escritor, eu sirvo à inspiração, e estarei pronto para atendê-la, quando a luz inspiradora do teatro voltar a se acender dentro de mim.

Como foi a experiência de escrever o roteiro para o documentário “Expedições à Cidade Schneeburg”, da Prime Filmes?
O convite do diretor Darlan Serafini trouxe a oportunidade que eu esperava: transpor dos livros para as telas do cinema a história da minha terra natal. O roteiro foi escrito em setembro de 2012, as gravações tiveram início em meados do ano seguinte, com 12 entrevistados e uma equipe de produção engajada e determinada a fazer o seu melhor. Esta foi uma das maiores emoções da minha carreira, até aqui.

Há alguns outros projetos previstos para sua participação em filmes desta produtora?
Sim, escrevi o pré-roteiro do documentário “Vozes do Meu Vale”, que aborda os dialetos trazidos pelos colonizadores europeus e que ainda hoje, passados mais de 150 anos da colonização do Vale do Itajaí, ainda são falados em alguns dos 51 municípios da região. “Expedições à Cidade Schneeburg” me inspirou a propor outros projetos para a Prime Filmes, que ainda estão em fase de conversações, curtas-metragens sobre a história regional, abordando temas como preservação histórica, artes cênicas, comunicação social, colonização... Em breve, a produtora terá novidades para anunciar a todos que se interessam pelo resgate histórico e pela preservação da memória da nossa região.
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Legenda da fotografia:
Roteirista de "Expedições à Cidade Schneeburg", Saulo Adami falou durante lançamento do documentário, em dezembro de 2013 - Crédito da fotografia: Divulagação /Prime Filmes

De quem partiu o convite para você escrever a biografia do médico e político José Celso Bonatelli?
A professora Elisabeth Bonatelli e suas filhas me convidaram para uma reunião, no ano passado. Pediram para que eu esboçasse um pré-projeto com esta finalidade, e ele foi aprovado. Comecei a trabalhar no livro em janeiro deste ano, animado com a oportunidade de escrever sobre um administrador que valorizou e estimulou a cultura em nossa cidade. As primeiras entrevistas foram realizadas com Cesar Gevaerd, Ivo Barni e Zeno Heinig, em janeiro. Ao todo, serão mais de 40 entrevistas para traçar um perfil biográfico à altura da personalidade que foi Celso Bonatelli. Este é o tipo de obra que mais me atrai: um personagem bom, uma história de vida que merece ser contada para esta e as futuras gerações.

Além da obra sobre José Celso Bonatelli há outros livros com previsão de ser lançados por sua editora?
Quem nasce escritor, não tem prazo para parar de escrever. Quanto mais o tempo passa e mais ocupado eu estou com projetos editoriais, mais tempo eu tenho para escrever! O tempo é meu aliado, ele ajuda a aprimorar técnicas e a lapidar a composição. Desde que foi criada, a empresa editora Luiz Saulo Adami teve dois selos editoriais: S&T Editores – de 2004 a 2011 – e DOM – de 2011 a 2013. A princípio, a editora foi criada para publicar meus livros. Outros autores pediram para que eu editasse suas obras com meus selos editoriais, o que resultou em mais de 90 livros lançados entre 2004 e 2013. Decidi que era hora de encerrar as atividades da empresa e continuar apenas com meu trabalho como autor de livros e de roteiros para filmes. Porém, continuo atendendo convites para supervisionar ou coordenar projetos editoriais de outros autores interessados em meus serviços profissionais. Afinal, foi para isso que eu vim.

Por muitos anos, não tive notícias de lançamento de livro de poesia de sua autoria, até que agora tive acesso ao “Relicário”. É sua nova vida que tem inspirado sua criação?
Sem dúvida! A vida que estou vivendo ao lado de Jeanine, e estimulado por tantos bons resultados nas áreas de literatura e cinema, têm inspirado muitas composições, não apenas em poesia, mas em todos os demais gêneros aos quais dedico minha atenção. Outro dia, conversamos sobre isso. Fiz um levantamento e constatei que tenho mais poemas escritos de 2011 até agora do que tive nos demais períodos de minha carreira. Ótimo sinal, não achas?
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Legenda da fotografia:
Saulo Adami escreveu seus primeiros textos literários aos 9 anos de idade, quando estudava na Escola Municipal Luiz Silvério Vieira (Arraial dos Cunhas, Itajaí) - Crédito da fotografia: Acervo de Saulo Adami


Publicado no jornal EM FOCO aos 07 de fevereiro de 2014

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