“A vida é um cordão que nos une a Deus”
“Não há duas verdades na vida”, ensina Kuranda, personagem criado pelo escritor Saulo Adami em 2008. “A vida é um cordão que nos une a Deus, e nada nem ninguém pode cortá-lo, emendá-lo ou substituí-lo. Não tenha medo, não esmoreça, não fuja do destino que você mesmo traçou. Siga seu caminho com fé em Deus, e tudo será resolvido no tempo certo, segundo os desígnios d’Ele. Porque é assim que é e é assim que sempre será. Siga seu caminho em paz. Melhor ainda: seja o caminho, seja a paz!”, destaca North Kuranda ao consultar o escritor Louis Riverstone, no segundo livro da primeira trilogia.
Kuranda do Egito, a segunda trilogia, ainda está longe de ter um final. A afirmação é do autor, que desde 2008 se dedica a desenvolver as tramas que têm por objetivo “ampliar a compreensão do mundo e das origens de todos nós” ao investigar o universo misterioso e fascinante deste personagem, que é um viajante do tempo: “um servidor de Deus que tem muitas formas, todas as cores e fala todas as línguas”.
Nesta entrevista, Saulo Adami fala sobre a criação do seu personagem e de como desenvolveu as tramas de seus livros-sequência editados de 2008 a 2012.
Quantos livros já foram publicados com a história dos seus personagens Kuranda?
Desde que a obra original foi escrita em 2008, foram publicados quatro livros em forma de sequência: a primeira trilogia, com os romances Kuranda (2010), Kuranda do Norte (2011) e Kuranda do Espaço (2011); e a segunda trilogia, com o romance Kuranda do Egito (2012), que autografei dia 12 de dezembro de 2012, na Fundação Cultural de Brusque.
Como é a história do primeiro livro?
Kuranda (2010) conta a história do manuscrito encontrado no centenário casarão da família Lützen, no interior de Santa Catarina e que, por sua vez, revela a trajetória do personagem que há 20 séculos transmite seus conhecimentos de geração para geração; ele extrai os elementos de cura do ar, das plantas, da terra, da água e do fogo, e com tais elementos é capaz de curar o corpo e salvar o espírito.
No segundo livro, Kuranda vai aos Estados Unidos?
Sim. O segundo livro, Kuranda do Norte (2011) segue a trajetória do personagem, revelando os destinos do primeiro Kuranda de pele branca de que se tem notícia, o catarinense Modesto Couto, e de seu sucessor, que é conhecido como North Kuranda por ter se estabelecido nos Estados Unidos.
No terceiro livro, Kuranda tem contato com alienígenas?
Kuranda do Espaço (2011) leva seus leitores a uma viagem às origens do personagem, apresentando o africano Aruk como o primeiro Kuranda, e mostrando como ele recebeu os conhecimentos trazidos por tripulantes de uma cuia incandescente, como o próprio personagem descreveu o veículo que desceu a Terra no ano 2 a.C. Como é do conhecimento das pessoas que se interessam pelo assunto, há registro de contatos com extraterrestres há milênios.
É verdade que a cada edição de um livro Kuranda você revisa o texto integral da obra anterior e escreve sua continuidade com os textos originais criados para o novo lançamento?
Sim, por isso os chamo de livros-sequência. Kuranda do Egito, a segunda trilogia, inclui tramas inéditas – dentre as quais destacam-se Kuranda da Laguna, Kuranda do Egito, Kuranda da Índia e Memórias Ancestrais – escritas entre março e setembro de 2012 – e que, unidas às tramas anteriores, fazem deste livro “um dos melhores textos da atual ficção brasileira”, como destacou o professor Celestino Sachet, da Academia Catarinense de Letras, no posfácio do livro.
O que o levou a transformar Kuranda em personagem de uma trama de livros-sequência?
Em 2008, escrevi o romance original sem pensar em uma continuação. Mas, aconteceu, e as novas tramas foram se sucedendo. Sabendo que seria complicado para os leitores acompanharem a série em livros separados, decidi publicar Kuranda do Norte (2011) com os conteúdos originais de Kuranda (2010) e sua continuação, e assim sucessivamente: Kuranda do Espaço (2011) com os conteúdos originais de Kuranda e Kuranda do Norte, fechando a primeira trilogia. Ao publicar a quarta edição, Kuranda do Egito, equivalente à segunda trilogia, juntei a ela a trilogia anterior; assim, os leitores não perdem nada do conteúdo e eu tenho a oportunidade de revisar o texto, ampliar as tramas ou mesmo reorganizar a distribuição dos capítulos. Foi o caso da Parte II – Kuranda da Laguna, que não existia nas edições anteriores. Os leitores têm oportunidade de reler os conteúdos da edição anterior e conhecer os episódios inéditos – porque ao comprar Kuranda do Egito estão comprando as duas trilogias por um valor menor do que o custo total das três obras anteriores.
Como começa Kuranda do Egito? Kuranda do Egito abre com a era contemporânea (século XXI) e fecha com as memórias ancestrais do século I depois de Cristo, e o texto entra no espaço e no tempo dos manuscritos do Mar Morto e da história do monge Yuz Asaf, uma biografia que as sagradas escrituras não abordam, como a crucificação sem morte.
Algumas tramas do seu romance são polêmicas, especialmente as que envolvem personagens como Jesus e Maria Madalena. O que o inspirou a escrever as memórias ancestrais de Yuz Asaf? Histórias polêmicas existem em livros milenares, em filmes centenários e agora chegam às bancas em revistas que tratam de temas como o suposto casamento de Jesus e Maria Madalena e de muitas outras histórias que não constam das Sagradas Escrituras, mas que estão sendo desenterradas por arqueólogos. Alguns personagens do Kuranda do Egito são arqueólogos, e é claro que escavando na antiga Tebas encontram muito mais do que vestígios da passagem de Kuranda Aruk por lá. Kuranda do Egito é uma obra de ficção, e como romancista eu tenho liberdade para escrever sobre qualquer assunto. Mas, na hora de fundamentar minha trama, costumo pesquisar temas históricos, o que me levou a ler mais de uma dúzia de obras de historiadores e romancistas que falam dos essênios, dos manuscritos do Mar Morto, do faraó Ptolomeu XV, último filho de Cleópatra, e da família de Jesus ou Yuz Asaf, que sobreviveu à crucificação e morreu com mais de 80 anos, em um mosteiro essênio.
Você acredita que a história de Yuz Asaf seja verdadeira?
Como escritor, eu acredito na minha obra e no universo ficcional que criei para Kuranda do Egito. Meu objetivo não é outro senão explorar todas as possibilidades que a liberdade de criação me oferece. Quanto à história ser real ou não, eu vou aguardar para ver o resultado do trabalho dos arqueólogos que continuam trabalhando no Egito.
Kuranda do Egito encerra a trajetória destes personagens?
Não. Nem este era meu propósito quando comecei a escrever a segunda trilogia. A terceira trilogia se chamará Kuranda: Origens ou simplesmente Kuranda, ainda é cedo para decidir. O que já sei é que, a exemplo da proposta dos livros-sequência, a quinta edição vai reunir as três trilogias em um só livro com 600 páginas ou mais. Pretendo escrever sem pressa porque neste caso inspiração e transpiração andam juntas e exigem pesquisa!
Você conta com auxílio de colaboradores?
Escrevo Kuranda sozinho. Quando preciso de colaboração, apelo a especialistas. Tem sido assim desde 2008, e todas as edições trazem a lista dos colaboradores. No Kuranda do Egito há uma parte na qual dou dicas de leitura e de outras fontes de consulta para quem tiver interesse em se aprofundar nos assuntos desta série: livros sobre as trajetórias de vida terrena e as experiências no mundo espiritual de Jesus e Maria Madalena, Cavaleiros Templários – que terão destaque na próxima trilogia –, evangelhos Essênios e Apócrifos; enfim, obras escritas com base em fatos históricos e assinadas por pesquisadores e estudiosos idôneos.
E quanto às respostas que você procura para as perguntas que faz a si mesmo sobre espiritualidade, vidas passadas e outros assuntos que são do seu interesse?
Ainda não encontrei respostas para todas as perguntas que me faço sobre existências anteriores. Por isso, a jornada dos Kuranda vai prosseguir por muito tempo ainda: porque é através das pesquisas complementares que faço para dar embasamento histórico à ficção, é que vou descobrindo um pouco mais sobre mim mesmo.
Uma cronologia Kuranda
- 2 a.C – Kuranda Aruk inicia seus trabalhos de cura na África, a partir do contato com a cuia incandescente. Mais tarde, torna-se conhecido como Kuranda do Egito.
- 17 d.C – Kuranda Aruk conhece a órfã Neriah, elegendo-a a primeira Kuranda mulher de que se tem notícia: Kuranda Neriah ou Kuranda da Índia.
- 1829 – Kuranda da Laguna, um dos escravos alforriados pelo médico Xavier Carreirão, torna-se mais tarde conhecido como Kuranda do Desterro.
- 1839 – Modesto Couto, ainda bebê, é eleito pelo Kuranda do Desterro como seu sucessor, passando a ser conhecido como Kuranda Couto.
- 1940 – Kuranda do Norte ou North Kuranda, eleito sucessor de Kuranda Couto, passa a atuar na América do Norte.
- 2008 – Yang Chang é eleito sucessor de North Kuranda, passando a atuar na América do Norte e posteriormente na China como Kuranda Chang.
- 2012 – No Egito, arqueólogos descobrem manuscrito com menções a Kuranda Aruk.
- 1982 – Cicatrizes (poesia, conto e crônica);
- 1983 – Nosso pequeno grande mundo (poesia);
- 1987 – Elza: amor e renúncia! (novela);
- 1988 – Ressurreição dos enforcados e Poetas do berço: o primeiro grito! (poesia);
- 1989 – Chorinho e Carimbos e panfletos (poesia);
- 1994 – De que adiantam braços fortes? (poesia, conto e crônica);
- 1996 – O único humano bom é aquele que está morto! (história do cinema);
- 2002 – Reserva particular do patrimônio natural – RPPN Chácara Edith (história);
- 2003 – Testemunho de fé: Memorial do pastor Wilhelm Gottfried Lange (biografia);
- 2004 – História secreta do Arrayal dos Cunhas, Terra generosa: história de Massaranduba – SC, Agrolândia: De Trombudo Alto aos nossos tempos, Alto Rio dos Bugres: as origens do município de Imbuia, Paisagens da memória: a criação do município de Vidal Ramos e Rio do Oeste: a história oficial e as outras histórias (história);
- 2005 – Nas mãos de Deus: a verdadeira história de Lilli Zwetsch Steffens e Carlos Boos nunca soube dizer não! (biografia), Gracher: uma empresa faz 100 anos e Brusque: Cidade Schneeburg (história);
- 2006 – Brusque era maior: viajantes do tempo e Colégio Salesiano Itajaí: 50 anos (história);
- 2007 – Lauterbach: Aurora de nossa história, Brusque vai à guerra: novas visões da história e Para sempre na memória: A história da Festa dos Motoristas e a construção da Capela São Cristóvão (história); De amor e de saudade: o diário do vovô na guerra (biografia);
- 2008 – Walter Orthmann: 70 anos de trabalho na RenauxView e Diários de Hollywood: um brasileiro no Planeta dos Macacos (biografia); O caso do esqueleto sem cabeça (conto); Quarto crescente e Palavra tardia (romance); Duplo girassol (poesia, conto, crônica e novela); Por que escrevemos? (crônica); Tradição de amizade, Brusque operária: comércio e indústria e Itajahy na visão dos viajantes (história); Uma face (romance mediúnico);
- 2009 – Willy Hoffmann: Ambientalista por vocação (biografia); Histórias e lendas da Cidade Schneeburg e Vocação para o trabalho: Kohler & Cia. 60 anos de uma história construída em família (história);
- 2010 – Jornaes de Hontem: Manoel Ferreira de Miranda e o primeiro Diário de Itajahy e Eu sou Anselmo Boos (biografia); Guabiruba de todos os tempos, Arthur Schlösser e a criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina, A revolução do voto – 20 anos do voto eletrônico no Brasil e Vielen Dank, Herr Doktor! Dos primeiros médicos aos 40 anos da Associação Brusquense de Medicina (história); Kuranda (romance);
- 2011 – André Bernardino da Silva: pioneiro da Assembléia de Deus em Santa Catarina e Memorial do esquecimento: a verdadeira história de Vidal Ramos (história); Kuranda do Norte e Kuranda do Espaço (romance); Enluarados (poesia);
- 2012 – Doutor Nica (biografia); Propósito (crônica); Kuranda do Egito (romance).
Referências
- Jornal Em Foco, aos 29 de janeiro 2013.
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